“Certamente essa é a maior tragédia pela qual o clube já passou nos 123 anos de sua existência, com a perda dessas pessoas”, resumiu o presidente do Flamengo, Rodolfo Landin, no início da tarde de hoje (8), sobre o incêndio que destruiu o alojamento do Centro de Treinamento George Helal, o Ninho do Urubu.
No prédio dormiam os atletas da categoria sub-15. Dez atletas morreram e outros três ficaram feridos, um em estado grave com 35% do corpo queimado.
Jonathan Cruz Ventura, de 15 anos, Cauan Emanuel Gomes Nunes, de 14 anos, e Francisco Diogo Bento Alves, de 15 anos foram resgatados com vida e levados, inicialmente, para o Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca.
Jonathan está em estado grave, foi operado ainda cedo e transferido para o Hospital Pedro II, em Santa Cruz, especializado em queimados. Cauan e Francisco, depois de medicados, foram transferidos para o Hospital Victoria, na Barra da Tijuca.
Já há informação oficial sobre a identidade dos jogadores mortos: Christian Esmério, goleiro, 15 anos, Arthur Vinicius, zagueiro, 14 anos, Vítor Isaías (Vitinho), avançado, 15 anos, e Bernardo Pisetta, goleiro, 14 anos
Todos os corpos foram levados carbonizados para o Instituto Médico Legal (IML), no centro do Rio. “Vai depender do DNA ou se há outras formas de reconhecimento”, disse o vice-governador do Rio, Claudio Castro.
Eram 5h17, quando o quartel do Corpo de Bombeiros recebeu a chamada de incêndio no Ninho do Urubu. Segundo o vice-governador, às 5h38 já estavam no local e às 6h20 todo o fogo estava controlado.
Todos dormiam no momento em que o incêndio começou. Um dos sobreviventes, Samuel Barbosa, de 16 anos, publicou nas redes sociais que acordou com a fumaça e só teve tempo de chamar um amigo e fugir.
“A maioria não conseguiu porque a quantidade de fogo era muita. E aconteceu que o ar condicionado pegou fogo, daí foi gerando um curto-circuito em todos os ares-condicionados. Foi pegando em tudo. E foi muito rápido. Não deu para conseguir chamar quase ninguém”, disse Samuel.
Perícia
O alojamento era composto de seis contêineres interligados, onde dormiam atletas com idades entre 14 a 16 anos. A perícia trabalha com a hipótese de um curto-circuito em um dos aparelhos de ar-condicionado.
“É muito cedo para dizer se foi por causa da rede que deu pico, se foi por causa do aparelho de ar-condicionado ou se foi a rede interna daqui”, disse o vice-governador.
Em nota, a prefeitura do Rio informou que a licença tem validade até 8 de março, mas a área de alojamento que foi atingida pelo incêndio não consta como área edificada no projeto que foi licenciado em 5 de abril do ano passado. Em vez da estrutura, o projeto previa um estacionamento no local.
“Não há registros de novo pedido de licenciamento da área para uso como dormitórios”, diz a prefeitura, que afirmou que a coordenação de licenciamento só realiza inspeção nesse tipo de edificação em caso de denúncia.
Regularização
O Ministério Público do Trabalho anunciou que uma força-tarefa de procuradores vai apurar as causas e consequências do incêndio, que também pode ter feito vítimas entre os funcionários do clube.
Também por meio de nota, o Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro informou que o Centro de Treinamento está em processo de regularização de seus documentos junto à corporação e ainda não possui o Certificado de Aprovação.
Em 30 de novembro de 2018, o Flamengo inaugurou o módulo profissional do Ninho do Urubu. Com este módulo, todas as outras categorias seriam remanejadas e o sub-15 deixaria os contêineres a partir da próxima semana.
Como a maioria das vítimas é de outros estados, a diretoria do Flamengo trata do transporte e estadia das famílias no Rio de Janeiro.