Um enorme incêndio deflagrou no domingo (2) e destruiu o Museu Nacional, no Rio de Janeiro. Foram queimados 200 anos de história e mais de 20 milhões de peças de valor incalculável. As causas ainda são desconhecidas, mas parece incontornável definir o acidente como uma tragédia há muito anunciada.
Com a grave crise econômica e política, os investimentos destinados para a instituição foram sendo reduzidos drasticamente, especialmente em 2018. Apesar da falta de investimento, os alertas sobre a degradação do edifício começaram já há mais de uma década. Relatos sobre risco de incêndio, infiltrações, inundações e até queda de gesso sobre os funcionários do Museu Nacional foram se multiplicando.
De acordo com a BBC, já em 2004 havia preocupações que um incêndio pudesse deflagrar e consumir o edifício. Relatórios da Biblioteca do Museu e alertas do próprio diretor do museu já falavam da degradação e dos graves problemas de manutenção.
“O museu vai se incendiar. São fios elétricos expostos, mal conservados, alas com infiltrações, uma situação de total irresponsabilidade com o patrimônio histórico”, foi assim que, em 2004, o então secretário de Energia, Indústria Naval e Petróleo do Rio de Janeiro, Wagner Victer, atual secretário estadual de Educação, descreveu a situação do Museu Nacional, após uma visita ao local.
Nessa altura, em entrevista à Agência Brasil, Wagner Victer apontou a precariedade das instalações e falta de um sistema de combate a incêndio. À BBC explicou depois que, como engenheiro, ficou “horrorizado” com o que viu e, por isso, resolveu falar dos problemas que observou em público.
As causas do incêndio ainda não estão apuradas, mas a degradação e decadência do prédio podem ter contribuído para a rápida propagação das chamas. A reitoria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) solicitou nesta segunda-feira (3) apoio à Polícia Federal (PF) para realização de perícias que permitam apurar as causas do incêndio, pedindo ainda ao governo apoio financeiro.
“A cultura e o patrimônio científico do Brasil e do mundo sofreram uma perda inestimável com o incêndio ocorrido no Museu Nacional”, pode-se ler em comunicado divulgado pela reitoria da universidade, que administra o museu.
“Há décadas as universidades federais do país vêm denunciando o tratamento conferido ao patrimônio das instituições universitárias brasileiras e a falta de financiamento adequado, em especial nos últimos quatro anos, quando as universidades federais sofreram drástica redução orçamentária”.
No que diz respeito ao incêndio que deflagrou no domingo à noite e destruiu grande parte do acervo do Museu Nacional, fundado há 200 anos por João VI, “será necessário averiguar as causas e o motivo da rápida propagação das chamas”, pelo que a reitoria “solicitou apoio pericial à Polícia Federal e a especialistas da UFRJ, almejando um processo rigoroso de apuração das causas”.
Para a universidade, o momento atual “deve ser um alerta para as forças democráticas do país, no sentido de preservação do patrimônio cultural da nação”, lembrando que “o inadmissível acontecimento” que afetou o Museu Nacional da UFRJ tem causas nitidamente identificáveis“.
“Trata-se de um projeto de país que reduz às cinzas a nossa memória”, sustentam.
Verbas demoraram para chegar
Recentemente, o Museu Nacional tinha recebido um financiamento de mais de R$ 21,7 milhões do Banco Nacional para o Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES) para “restaurar o edifício histórico” e “garantir uma maior segurança das coleções”, relata o El País.
De acordo com o jornal, umas das principais medidas passaria por reforçar o sistema de controle e combate de incêndios. No entanto, as verbas demoraram a chegar e as chamas acabaram por consumir totalmente o edifício.
O orçamento anual do museu ronda os R$ 550 mil, mas a UFRJ, há muito afetada por cortes, tem passado apenas 60% desse valor à instituição. Este ano, o museu teria recebido até agora pouco mais de R$ 80 mil.
Vestidos de preto, brasileiros protestam
Ainda durante esta segunda, várias centenas de manifestantes protestaram, alguns atirando pedras, contra a incúria dos poderes públicos.
Cerca de 500 estudantes e pesquisadores ligados ao museu, a maioria vestida de preto, se concentraram em frente aos escombros ainda fumegantes do edifício para “abraçar” o antigo palácio imperial do século XIX.
Antes, manifestantes lançaram pedras aos policiais e forçaram a entrada do recinto do museu, gritando “Fora Temer!”, dirigindo-se ao presidente brasileiro.
“Não basta chorar. É preciso que a população se indigne. Uma parte dessa tragédia poderia ter sido evitada”, declarou Alexandre Keller, diretor do museu. “O governo deve ajudar o museu a reconstruir sua história”, acrescentou, apontando o dedo à falta de fundos destinados à conservação do museu.
Michel Temer anunciou a criação de um fundo financiado por um grupo de empresas públicas e privadas para permitir “a reconstrução do museu o mais breve possível”.
Houve quem se arriscasse em nome da história
Poucas horas após o início do incêndio, alguns funcionários, professores e técnicos correram para o edifício, entrando pelas salas escuras e ainda esfumaçadas, na tentativa de resgatar algum patrimônio antes que o fogo avançasse.
O professor Paulo Buckup, juntamente com outros colegas, arrombaram portas e gabinetes, tentando salvar o maior número de gavetas com espécimes de moluscos – uma pequena parcela do inventário de dezenas de milhares exemplares.
“Esses exemplares foram usados nas descrições originais de espécies da fauna sul-americana de moluscos, tanto marinhos quanto de água doce. Esse material é único porque é a base para conhecer as espécies descritas ao longo do último século. Sem isso, perdemos esse registro”, afirma Buckup.
O professor calcula que tenham conseguido salvar “alguns milhares” de espécimes de moluscos – uma quantidade “ínfima” tendo em conta a escala da coleção. “Foram perdidas não sei quantas dezenas de milhares de insetos, como, por exemplo, todo o material de aranha e de crustáceos”, afirma.
Considerado o maior museu de História Natural da América Latina, o Museu Nacional, que celebrou em junho o seu bicentenário, abrigava cerca de 20 milhões de peças de valor incalculável e uma biblioteca de mais de 530 mil títulos.
Entre as peças inestimáveis transformadas em cinzas, está uma coleção egípcia, uma outra de arte e de artefatos greco-romanos, coleções de paleontologia — que incluíam o esqueleto de um dinossauro encontrado na região de Minas Gerais, bem como o mais antigo fóssil humano descoberto no Brasil, “Luzia”.
Um dos únicos vestígios preservados foi o enorme meteorito com mais de 5 toneladas, que continua em frente à entrada do Museu, agora sozinho no meio de cinzas e paredes calcinadas.
Ciberia // ZAP
QUE SACANAGEM DEPOIS DO DESATRE TEMOS AGORA DISPONIVEL 10 MILHOES E MAIS 50 PARA A RESTAURAÇÃO,, E O QUE SE PERDEU??? COMO FICA ?? CAMBADA DE INCOPETENTES,,,,
PEGA O DINHEIRO REPATRIADO DA CORRUPÇÃO E ARRUMEM TODOS MUSEUS HISTORICO, CHEGA DE BLABABA,,BLABABA,BLABABAA,, VAMOR CRIAR VERGONHA NA CARA E PRESERVAR NOSSA HISTORIA
Recentemente, o Museu Nacional tinha recebido um financiamento de mais de R$ 21,7 milhões do Banco Nacional para o Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES), mais O orçamento anual do museu, que ronda os R$ 550 mil, mas a UFRJ, há muito afetada por cortes, tem passado apenas 60% desse valor à instituição. Este ano, o museu teria recebido até agora pouco mais de R$ 80 mil (!!!???). Cadê o resto da grana? Segundo a reitoria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), as causas são nitidamente identificáveis. Ou seja, o velho e eterno problema da cleptocracia politica.