EUA tentam virar a página da era Trump e voltam ao Conselho de Direitos Humanos da ONU

Gage Skidmore / Wikimedia

Joe Biden, Presidente dos EUA

Os Estados Unidos voltaram, nesta quinta-feira, ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, órgão que o país havia deixado durante o mandato de Donald Trump. O retorno mostra a vontade de Washington de fazer parte novamente de organismos internacionais, mas também é visto como um terreno propício para tensões com a China, que ganhou espaço durante a ausência norte-americana.

A Assembleia das Nações Unidas aprovou a reintegração dos Estados Unidos no Conselho de Direitos Humanos (CDH) sem dificuldades, com 168 votos favoráveis entre os 193 países membros. Washington havia deixado a entidade há três anos, sob uma decisão do ex-presidente Donald Trump, que denunciava as posições da ONU contra Israel, além de criticar a ausência de reformas e até mesmo a pertinência da instituição.

A saída dos Estados Unidos desta instituição em 2018 deixou o campo aberto para a China expandir sua influência. Junto com “sócios” como Belarus e Venezuela, Pequim conseguiu aprovar nos últimos anos declarações conjuntas apoiando a ação repressiva chinesa em Hong Kong, no Tibete ou em Xinjiang.

Mas alguns temem que o retorno dos Estados Unidos ao conselho reforce uma tendência de polarização crescente. “Podemos imaginar que chineses e americanos não trocarão elogios e usarão o conselho como uma arena para expor suas rivalidades”, disse um diplomata após o voto.

O CDH é composto de 47 membros. Foram eleitos também Argentina, Honduras, Paraguai, Finlândia, Luxemburgo, Benin, Camarões, Gâmbia, Somália, Emirados Árabes Unidos, Índia, Cazaquistão, Malásia, Catar, Lituânia e Montenegro.

A Eritreia, país acusado de violações aos direitos humanos, também teve sua candidatura validada. A eleição dos eritreus voltou a colocar sobre a mesa a questão da presença de regimes autoritários e pouco respeitosos com os direitos humanos na máxima instância da ONU, encarregada de velar por eles.

Os membros do CDH, cujos cargos são divididos em cinco grupos regionais, são eleitos para três anos por maioria absoluta em uma votação secreta.

Todo ano um terço do órgão é renovado. Dos oito membros da América Latina e Caribe, Uruguai e Bahamas deixarão o conselho. Bolívia, Brasil, Cuba, México e Venezuela permanecerão, além da Argentina, que obteve um segundo mandato.

// RFI

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