A embaixadora norte-americana na Organização das Nações Unidas (ONU), Nikki Haley, disse nesta quarta-feira (20) que os EUA vão sair do Conselho dos Direitos Humanos da ONU, considerando que o órgão “não faz jus ao seu nome”.
Há um ano, Nikki Haley disse que os EUA só iriam se manter na organização se ela fizesse “reformas essenciais”, e agora considerou que está claro: os apelos por mudanças não foram ouvidos.
Ao lado do secretário de Estado, Mike Pompeo, Haley criticou a presença no órgão de países como China, Cuba e Venezuela, acusados de violação de Direitos Humanos, acrescentando que o conselho tem um “preconceito crônico contra Israel”.
Se o conselho mudar, os EUA “regressarão com satisfação”, garantiu Haley.
O porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, interrogado antes da divulgação desta posição dos EUA, recordou que “o secretário-geral António Guterres é um adepto fervoroso da arquitetura dos Direitos Humanos na ONU e na participação ativa de todos os Estados nesta arquitetura”.
A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch criticou a decisão norte-americana, considerando, em comunicado, que o Conselho dos Direitos Humanos da ONU tinha “desempenhado um papel importante em países como Coreia do Norte, Síria, Myanmar ou Sudão do Sul”.
Mas, deplorou, “Donald Trump só está interessado na defesa de Israel”.
Há mais de um ano, os EUA ameaçam abandonar o Conselho dos Direitos Humanos da ONU. Em meados de 2017, Haley apelou a uma reforma profunda do órgão principal do sistema da ONU em matéria de Direitos Humanos, criado em 2006 para substituir a comissão homônima.
Desde então, está em curso uma reforma, mais para racionalizar o trabalho do conselho do que para tratar de questões políticas. Os EUA, cujo mandato no conselho acabaria em 2019, tinham reclamado que a exclusão de Estados-membros que cometem graves violações dos Direitos Humanos fosse votada por maioria simples, não por dois terços.
Também pretendiam um reforço do processo de seleção dos Estados-membros. Os EUA queriam que a questão dos “direitos humanos na Palestina” não esteja sistematicamente na ordem do dia do conselho.
Washington tem denunciado desde sempre o fato de Israel ser o único país do mundo com um ponto fixo dedicado na ordem de trabalhos de cada reunião, o ponto 7, o que acontece três vezes por ano.
Essa não é primeira vez que os EUA se ausentam do órgão. Sob a presidência do republicano George W. Bush, boicotaram o conselho desde a sua criação, antes de regressarem durante a presidência do democrata Barack Obama.
Desde a chegada de Donald Trump à Casa Branca, no início de 2017, os EUA se retiraram da UNESCO, cortaram vários financiamentos a órgãos da ONU e anunciaram sua saída do Acordo de Paris de combate às mudanças climáticas e do acordo nuclear com o Irã apoiado pela ONU.
Ciberia // ZAP