Afinal, o Archaeopteryx era capaz de voar

saroy / Flickr

Fóssil de um Archaeopteryx incrustado em lages de calcário

Embora o Archaeopteryx fosse capaz de bater as asas e voar, não possuía todas as adaptações das aves modernas. Esta é a conclusão de uma pesquisa que revela que a dino-ave deveria voar como um faisão.

O Archaeopteryx já tinha sido considerado a primeira ave e agora é considerado uma dino-ave, isto é, na transição entre os dinossauros e as aves. No entanto, não se sabia se o voo do Archaeopteryx era como o das aves de hoje em dia.

Para responder a esta e muitas outras perguntas, uma equipe de cientistas fez uma análise de três exemplares de Archaeopteryx no Laboratório Europeu de Radiações Síncrontron (ESRF), uma máquina de raios X em Grenoble, França.

Na análise, ficou esclarecido que essas dino-aves tinham um voo ativo que lhes possibilitava percorrer distâncias, embora pequenas, e que seria diferente do voo das aves modernas. A descoberta foi publicada esta semana na Nature Communications e é a primeira prova de que seria um voador ativo.

Esse grupo de dinossauros próximo das aves teria vivido no período do Jurássico, há cerca de 140 a 200 milhões de anos, e habitado ambientes como matagais, lagoas e ilhas, situado no que é hoje a Baviera, na Alemanha.

Eram animais do tamanho de pombas grandes e, até o final do século XX, o Archaopteryx foi considerado a “primeira ave”, ficando classificado na transição entre dinossauros e aves.

Segundo o Público, foi através da técnica de microtomografia, que faz a reconstituição dos fósseis em 3D, que foi possível visualizar seu interior sem danificá-los, com radiação dita de “síncrontron”, gerada por feixes de raios-X.

Para desvendar alguns pormenores do voo do Archaopteryx, os cientistas tiveram em conta o úmero (no esqueleto do braço) e a ulna (no esqueleto do antebraço). Foram analisados quanto à quantidade de osso e à resistência da massa relativamente às forças de tração, presentes no voo.

Por último, compararam com um grupo de crocodilos, pterossauros e dinossauros – em que se incluíram as aves, e chegaram à conclusão que os ossos do Archaopteryx compartilhavam adaptações do voo com as aves modernas.

Dennis Voeten, do ESRF e principal autor do trabalho, escreveu em comunicado que os cientistas perceberam “imediatamente que as paredes ósseas do Archaopteryx eram mais finas que as dos dinossauros terrestres, mas se pareciam muito com os ossos típicos das aves”.

Além disso, acrescenta, “os dados da análise demonstram que os ossos do Archaopteryx estão mais próximos de aves como o faisão, que ocasionalmente usam um voo ativo  para ultrapassar barreiras ou evitar predadores, mas não das formas de planar e de deslizar de muitas aves de rapina e marinhas que são otimizadas para um voo duradouro”.

Os ossos tinham ainda uma baixa resistência à tração e não tinham certas adaptações ao voo, como a escápula que as aves modernas têm e lhes permite alcançar um voo potente e prolongado. “Sugerimos ainda que o Archaopteryx deveria mover as asas mais para a frente e para cima, seguido de um movimento de costas para baixo”, explica.

Desta forma, o estudo nos dá pistas sobre a evolução do voo dos dinossauros. ”Sabemos agora que o Archaopteryx já tinha um voo ativo há cerca de 150 milhões de anos, o que implica que o voo ativo dos dinossauros tenha se desenvolvido ainda mais cedo”, diz Stanislav Bureš, da Universidade de Palacký, na República Tcheca, e autor do estudo.

“Agora fica nítido que o Archaopteryx é um representante da primeira onda de estratégias de voo dos dinossauros já extintos”, conclui.

Ciberia // ZAP

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