Um novo estudo feito em torno das penas dos dinossauros chegou a conclusões surpreendentes que podem mudar a forma como olhamos para estes grandes animais extintos. Para já, é certo que alguns deles eram mais fofinhos do que pensávamos.
Cientistas da Universidade de Bristol, no Reino Unido, se dedicaram ao estudo das penas de um grupo de dinossauros carnívoros, conhecidos como paraviantes, sendo o exemplo mais famoso o Velociraptor, e de quem os atuais pássaros são descendentes.
Assim, conseguiram o que pode ser “a descrição mais precisa até hoje de qualquer espécie de dinossauro”, conforme salienta a Universidade de Bristol (UB) em comunicado sobre a pesquisa.
Os cientistas analisaram um fóssil de um destes paraviantes, o Anchiornis, um dinossauro com 160 milhões de anos do tamanho de um corvo, comparando suas penas com as de outros dinossauros e pássaros extintos. Para o efeito, tiraram partido das excelentes condições de preservação e de técnicas de alta resolução de imagem, como explicam no artigo científico publicado no jornal Paleontology.
Logo, eles detectaram nas penas em torno do corpo do Anchiornis as chamadas “penas de contorno”, uma nova forma de pena primitiva e extinta. Trata-se de “uma pena curta com farpas longas, independentes e flexíveis, irrompendo da pluma, em ângulos baixos, para formar duas palhetas e uma forma de pena bifurcada”, aponta a UB.
Estas penas agora descobertas davam ao Anchiornis uma “aparência fofa, em comparação com os corpos aerodinâmicos dos pássaros modernos, cujas penas possuem palhetas bem fechadas, formando superfícies contínuas”, acrescenta a UB.
Por outro lado, as penas destes dinossauros seriam menos aerodinâmicas e menos eficientes para o voo em comparação com as dos pássaros atuais, pecando também no controle da temperatura e na capacidade de repelir a água.
Mas para compensar estas circunstâncias, os Anchiornis tinham quatro asas, penas longas nas pernas e também uma franja de penas em torno da cauda. Tinham, ainda, “várias fileiras de penas longas na asa, ao contrário das aves modernas, onde a maior parte da superfície da asa é formada por apenas uma fila de penas”, refere a UB.
Foi com base nestas conclusões, e considerando também outros estudos científicos sobre os padrões de cor, que a ilustradora científica Rebecca Gelernter deu uma nova forma a estes dinossauros.
Trata-se de uma imagem completamente nova que “representa uma mudança radical” nas ilustrações que tínhamos, até agora, dos dinossauros com penas, conforme assume a UB.
E não é à toa que, em jeito “provocativo”, “o Anchiornis é apresentado, neste trabalho artístico, a escalar à maneira dos passarinhos hoatzin, o único pássaro vivo cujos juvenis mantêm uma relíquia do seu passado dinossauro, uma garra funcional”, explica Evan Saitta, um dos autores do estudo.
O cientista repara que se trata de um grande “contraste” com outras ilustrações que colocam “os paraviantes empoleirados em cima de ramos, como os pássaros modernos”. Ora, esse cenário seria “improvável dada a falta de um dedo do pé invertido, como nas aves de pouso modernas”, esclarece Saitta, concluindo que “a escalada é consistente com os braços e as garras bem desenvolvidas nos paraviantes”.
Os cientistas detectaram características semelhantes ao Anchiornis em, pelo menos, outro dinossauro com penas, o que faz admitir que mais animais destes tivessem uma plumagem similar.
As conclusões nos levam a um olhar completamente novo sobre os dinossauros com penas e podem ter “implicações quanto à forma como representamos uma grande variedade de dinossauros” e também como vemos a “função e evolução das penas“, concluem os pesquisadores no artigo científico.
Ciberia // ZAP