A partir de março e 2021 quem quiser tirar carteira de habilitação na Argentina terá de estudar mais do que somente as leis de trânsito, o funcionamento do automóvel e a própria condução de um veículo: será preciso também cumprir um curso sobre igualdade de gênero.
A determinação veio da Agência Nacional de Segurança Viária do país, e obrigará os futuros motoristas argentinos a estudar assuntos importantes como desigualdade entre homens e mulheres, machismo estrutural, misoginia, feminicídio e a presença da mulher no setor de transportes.
A violência contra a mulher, se é recorrente em todas as esferas sociais de um país, também se faz presente no trânsito, e o uso do curso para habilitação como meio para se ensinar sobre identidade e violência de gênero, entre tantos outros temas dentro do universo, é um exemplo interessante sobre como combater problemas estruturais.
“As grandes mudanças socioculturais e tecnológicas produzidas através dos anos trouxeram consigo a necessidade de adaptar os conteúdos dos cursos de formação, como assim também do exame teórico, motivo pelo qual faz-se necessário a reformulação de tais conteúdos, a fim de garantir a inserção na via pública de condutores idôneos e responsáveis, com conhecimentos atualizados em relação às novas tecnologias automotivas e principais regras para uma condução segura e eficiente”, escreve a resolução publicada no Diário Oficial da Argentina.
Segundo a publicação, os tópicos a serem estudados pelos futuros motoristas estarão em cursos como “Masculinidades: patriarcado e heteronormatividade; Mitos sobre a violência; Feminicídios, Transfeminicídios; e Crimes de Ódio” em temas como “Recursos, ferramentas e formas de abordagem contra a violência na condução de veículos e no transporte; Acesso e participação de mulheres; e diversidades no setor de transporte”, entre outros.
Tais estudos serão incluídos no curso de habilitação a partir de março, e faz parte de uma reforma ainda maior que combina a questão de gênero com o trânsito no país.
Pois além da inclusão de tal curso, o Ministério do Transporte da Argentina irá publicar um “Manual Especial” para transformar as placas de trânsito a partir da perspectiva da igualdade de gênero – traduzindo as placas atuais para uma linguagem inclusiva, com gênero neutro e alterando as terminações em “a” e “o” para “e”. “O documento promove, entre outras coisas, o uso da linguagem inclusiva, reconhecendo e visibilizando as mulheres e a diversidade, coletivos até agora invisibilizados no setor do transporte, fruto dos estereótipos e das limitações culturais vinculadas com competências supostamente masculinas”, afirma a resolução publicada no Diário Oficial.
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