Homens, mulheres, crianças e animais embalsamados foram encontrados em câmaras funerárias em Minya, no centro do país. Em boas condições de conservação, múmias datam da era ptolomaica e podem ser de família burguesa.
Arqueólogos descobriram uma tumba faraônica com mais de 40 múmias que datam da era ptolomaica – entre os anos 323 e 30 antes de Cristo – em escavação no centro do Egito.
Os restos embalsamados foram encontrados em 4 câmaras funerárias de 9 metros de profundidade no sítio arqueológico de Tuna el-Gebel, na cidade de Minya, a cerca de 250 quilômetros ao sul da capital, Cairo.
A descoberta foi anunciada neste sábado (02/02) pelo Ministério de Antiguidades do Egito. “Todas estão em boas condições de conservação, e algumas estão embrulhadas em linho ou decoradas com manuscrito demótico [uma antiga escrita egípcia]”, diz a nota da pasta.
Além disso, algumas múmias estavam dispostas dentro de caixões de barro ou em sarcófagos de madeira, acrescentou o ministério. À AFP, o arqueólogo Rami Rasmi informou que as múmias eram em grande parte de homens e mulheres adultos, mas havia também 12 crianças e seis animais, a maioria cachorros.
Mostafa Waziri, secretário-geral do Conselho Supremo de Antiguidades do Egito, disse que cacos de cerâmica e pedaços de papel antigo com escrituras, também encontrados na tumba, ajudaram os pesquisadores a determinar a idade das múmias.
Segundo Waziri, ainda não foi possível verificar a identidade das pessoas enterradas ali. “Não encontramos nomes escritos em hieróglifos.” Ele afirmou, contudo, que o método de mumificação indica que os embalsamados tinham posições relativamente importantes ou de prestígio.
As sepulturas de Minya, descobertas durante uma escavação que começou em fevereiro de 2018, estão em uma tumba comunitária “provavelmente pertencente a uma família da pequena burguesia”, completou o Ministério da Antiguidades.
Enquanto a mumificação é um processo mais associado ao Egito Antigo, a prática continuou durante o chamado Reino Ptolomaico, fundado por Ptolomeu, sucessor de Alexandre, o Grande.
A descoberta, a primeira de 2019, ocorreu graças a uma missão conjunta entre o governo e o centro de pesquisa de estudos arqueológicos da Universidade de Minya. O Egito anunciou nos últimos meses uma série de descobertas da antiguidade, na esperança de reviver a indústria do turismo no país, fonte primária da renda nacional.
O setor foi duramente afetado na última década pela instabilidade que se seguiu ao levante popular de 2011, que derrubou o então presidente Hosni Mubarak. Soma-se a isso uma insurgência islâmica que deixou quase 800 mortos no país.