O caso de uma mulher morta por policiais após chamar o serviço de emergência em Minnesota, nos Estados Unidos, chocou a cidade e causou fortes críticas à polícia.
A australiana Justine Damond tinha ligado para o serviço de emergência após ouvir barulhos do que parecia ser um ataque sexual ocorrendo em um beco perto de sua casa, em uma área residencial tranquila e relativamente rica da cidade onde crimes violentos são raros.
Ela foi morta a tiros supostamente ao tentar abordar o carro da polícia que atendeu ao chamado. Seu noivo, Don Damond, diz não ter recebido informações das autoridades e se disse “desesperado” para descobrir como os tiros que a levaram à morte ocorreram no último sábado.
Agentes de segurança nos Estados Unidos costumam usar câmeras presas em seus corpos, mas o equipamento não estava ligado no dia da morte de Justine. Os dois agentes envolvidos no tiroteio estão em licença remunerada na corporação.
“Nossos corações estão partidos, e estamos devastados pela perda de Justine. Nossas vidas mudaram para sempre depois que a conhecemos. Ela era tão doce e engraçada”, comentou o noivo.
Ele ainda criticou: “Como se sabe, foi ela que chamou a polícia no sábado à noite, denunciando o que ela achava ser um caso de violência sexual ocorrendo nas proximidades. Infelizmente, sua família e eu não tivemos quase nenhuma informação da polícia sobre o que aconteceu depois que os agentes chegaram”.
Don Damond, de 40 anos, vivia em Minneapolis com sua noiva, que já tinha adotado o sobrenome do futuro marido.
O jornal Minneapolis Star-Tribune, citando três fontes com informações sobre o incidente, disse que Justine estava de pijamas e, quando a polícia chegou, aproximou-se do carro pelo lado do motorista para falar com os agentes.
O policial no banco de passageiro, identificado pela mídia local como Mohamed Noor, teria apontado a arma e atirado contra Justine pela janela do motorista. O advogado de Noor, Tom Plunkett, confirmou na segunda-feira (17) que seu cliente atirou com sua arma, matando a australiana.
O enteado de Justine, Zach, fez duras críticas à polícia em um vídeo no Facebook. “A América é uma droga”, disse. “Estes policiais precisam ser treinados de forma diferente. Tenho que me mudar daqui.”
O Departamento de Segurança Pública do local informou que a investigação está em andamento e que oficiais estão apurando se há algum vídeo do incidente. A chefe de polícia de Minneapolis, Janee Harteau, considerou a morte de Justine “trágica”.
“Pedi que acelerem a investigação para garantir transparência e para responder ao maior número de perguntas o mais rápido possível”, disse em comunicado divulgado na segunda-feira.
A prefeita de Minneapolis, Betsy Hodges, também se pronunciou sobre o caso e disse que estava “desolada e profundamente perturbada”. “Eu tenho as mesmas dúvidas sobre por que não temos imagens da câmera do corpo e espero ter respostas disso nos próximos dias”, acrescentou em coletiva de imprensa.
Justine Ruszczyk, como era seu sobrenome anteriormente, dava aulas de meditação na Comunidade Espiritual Lake Harriet, em Minneapolis. Ela estudou medicina veterinária antes de ir para os Estados Unidos, onde estava por pelo menos três anos.
De acordo com seu website, ela é uma “instrutora qualificada de ioga, uma professora de saúde pessoal e meditação”.
Cerca de 200 vizinhos, familiares e pessoas próximas se reuniram para uma vigília no domingo à noite no local onde ela morreu, no sábado.
Nos últimos anos, os Estados Unidos presenciaram uma série de mortes de civis pelas mãos da polícia – que causaram grande consternação e críticas no país.
// BBC