Cientistas rebatem decisão da China de coletar DNA de homens e meninos

Um relatório que revelou que a China está coletando DNA de milhões de pessoas para ajudar a solucionar crimes.

Essa informação tem levantado preocupações entre os pesquisadores sobre privacidade e consentimento, sob o argumento de que as pessoas têm pouco controle sobre como suas informações são usadas e provavelmente não entendem as implicações que a coleta de DNA tem para suas famílias.

A mídia estatal chinesa informou pela primeira vez a intenção do governo de construir um banco de dados nacional de DNA forense em 2017.

Mas um relatório divulgado em 17 de junho, compilado pelo Instituto de Política Estratégica da Austrália (ASPI) revela a escala e os principais detalhes da operação pela primeira vez: há vários anos, a polícia coleta DNA de homens e meninos em idade escolar em todo o país. A ideia, basicamente, é coletar e armazenar DNA de aproximadamente 10% da população masculina do país — até 70 milhões de pessoas.

O governo chinês diz que o banco de dados ajudará a localizar criminosos, mas cientistas e ativistas de direitos humanos dizem que um banco de dados genético contendo informações sobre pessoas sem histórico criminal é sem precedentes.

Além disso, os pesquisadores também temem que a polícia possa usar o banco de dados para perseguir pessoas que criticam o governo. O tipo de informação genética que a China está coletando também é controverso, porque pode ser usado para rastrear membros da família que não deram amostras de DNA.

China já usava DNA para resolver crimes

Em 2019, a polícia chinesa usou o banco de dados para identificar um homem que havia cometido assassinato em Guangzhou. A polícia usou o DNA da cena do crime e encontrou uma correspondência no banco de dados com um dos parentes do homem, que já havia sido preso por roubo. Isso foi suficiente para estabelecer um vínculo com o assassino, e as autoridades o prenderam assim que ele pisou no país novamente.

No país, já houve algumas críticas à coleta de DNA. Acontece que, em 2015, um cientista do Ministério da Segurança Pública escreveu na revista Forensic Science and Technology que não há base legal na China para fazer um banco com esses dados, enquanto delegados solicitaram que essa coleta de DNA fosse regulamentada, embora não esteja claro se isso acontecerá.

Cientistas como Fabricio Santos, biólogo evolucionário da Universidade Federal de Minas Gerais em Belo Horizonte, pensam que as autoridades chinesas provavelmente estão armazenando amostras de sangue para garantir que possam realizar análises mais detalhadas no futuro.

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