Pesquisadores britânicos desenvolveram um robô capaz de construir outros robôs ainda melhores sem intervenção humana.
A “mãe-robô”, produzida na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, junta pequenos cubos para formar um novo “bebê-robô”.
“Ela” então avalia a distância que eles conseguem percorrer e, após analisar os resultados, consegue projetar outros robozinhos capazes de percorrer distâncias ainda mais longas.
O objetivo do estudo é descobrir como produzir robôs que se adaptem ao ambiente.
O trabalho, feito por pesquisadores de Cambridge e Zurique, na Suíça, foi publicado na revista científica PLOS One.
Apesar de a ideia de robôs construírem outros robôs – cada vez melhores – parecer roteiro de filme de ficção, até o momento não é preciso se preocupar com a hipótese de eles “dominarem o mundo”: os “bebês-robos” são apenas cubos de plástico com um motor dentro.
A mãe-robô cola um ao outro em configurações diferentes, o que lhe permite encontrar sistemas cada vez melhores.
Apesar de a montagem ser simples, o trabalho em si é elaborado.
A mãe construiu dez gerações de robôs. A versão final conseguiu percorrer o dobro da distância coberta pelo primeiro antes de a sua bateria acabar.
De acordo com Fumiya Iida, pesquisador da Universidade de Cambridge, que conduziu a pesquisa com colegas da Universidade ETH, em Zurique, um dos objetivos é encontrar novas ideias sobre como seres vivos evoluem.
“Uma das grandes questões da biologia é como a inteligência surgiu – e estamos usando a robótica para explorar esse mistério”, disse ele à BBC.
“Sempre pensamos em robôs fazendo tarefas repetitivas, já que, tipicamente, são projetados para produção em massa e não customização em massa. Mas, queremos ver robôs capazes de inovação e criatividade.”
Outro objetivo é desenvolver robôs capazes de melhorar e se adaptar a novas situações, de acordo com Andre Rosendo, também pesquisador do Machine Intelligence Laboratory da Universidade de Cambridge.
“Pode-se imaginar carros sendo construídos em fábricas e robôs procurando defeitos e consertando-os por conta própria”, disse.
“E robôs usados na agricultura poderiam experimentar técnicas diferentes de colheita para ver se melhoram o rendimento.”
Iida disse que começou a trabalhar com robótica porque estava decepcionado, já que os robôs da vida real não eram tão bons como os que ele via em filmes de ficção científica como “Guerra das Estrelas” ou “Jornada nas Estrelas”.
Seu objetivo é mudar isso. Para tanto, tira lições do mundo natural visando a melhorar a eficiência e a flexibilidade de sistemas de robótica tradicionais.
Será que em breve veremos robôs como os da ficção científica que o inspiraram? “Ainda não chegamos lá, mas com certeza, por que não? Talvez em cerca de 30 anos”, diz ele.