Uma pesquisa da Universidade do Novo México (EUA) descobriu que a Terra e a lua têm composições de oxigênio diferentes, o que desafia alguns aspectos da teoria mais aceita hoje sobre a formação de nosso satélite.
Os cientistas sabem que a Terra e lua são geoquimicamente similares. Além disso, amostras colhidas no satélite pelas missões Apollo, da NASA, revelaram que ambas possuem composições quase idênticas em isótopos de oxigênio.
Essas e outras descobertas levaram os pesquisadores a criarem a “hipótese do grande impacto”. Tal teoria postula que a lua se formou através do impacto de um planeta com aproximadamente o tamanho de Marte, conhecido como Theia, com a Terra.
Enquanto a hipótese explica bem as similaridades geoquímicas entre os dois corpos espaciais, não combina muito bem com a extrema semelhança de isótopos de oxigênio.
Será que Theia era idêntico à Terra em isótopos de oxigênio? Isso é possível, mas altamente improvável. Ou será que os isótopos de oxigênio da Terra e de Theia se tornaram completamente misturados na lua, após o impacto? Isso também é teoricamente possível, embora tenha sido muito difícil de modelar em simulações.
A nova pesquisa
Para o novo estudo, os pesquisadores realizaram medidas superprecisas da composição isotópica de oxigênio em uma variedade de amostras lunares, incluindo basaltos, anortositos, norites e vidro vulcânico, um produto de magma não cristalizado de resfriamento rápido.
A equipe descobriu que a composição isotópica da lua não é tão homogênea quanto os cientistas pensavam, e sim varia dependendo do tipo de rocha testada. Os isótopos das amostras colhidas no manto lunar profundo, por exemplo, foram os mais diferentes dos isótopos de oxigênio da Terra.
Baseado nesses resultados, os pesquisadores concluíram que Theia deve ter se originado mais longe do sol em relação à Terra, bem como deveria ter uma composição de isótopos de oxigênio distinta da Terra que não foi completamente perdida através de homogeneização após o impacto com o nosso planeta.
“Nossas descobertas sugerem que o manto lunar profundo pode ter experimentado menos mistura e é mais representativo do impactador Theia. Os dados sugerem que as composições distintas de isótopos de oxigênio de Theia e da Terra não foram completamente homogeneizadas pelo impacto de formação da lua e fornecem evidências quantitativas de que Theia poderia ter se formado mais longe do sol do que a Terra”, resumiu um dos autores do estudo, Erick Cano.
Modelo de formação lunar
Esse tipo de pesquisa é importante porque elimina a necessidade da inclusão de uma homogeneização de isótopos de oxigênio entre Terra e a lua nos modelos que descrevem a hipótese do grande impacto.
Além disso, oferece as bases para novos modelos da formação lunar. Um artigo sobre a descoberta foi publicado na revista científica Nature Geoscience.
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