A Dinamarca acredita que a situação na província de Damasco se encontra atualmente estabilizada e decidiu suspender as autorizações de residência temporária de várias centenas de sírios. Trata-se do primeiro país europeu a ordenar o retorno dos refugiados sírios. Damasco continua, porém, sob a autoridade do regime ditatorial de Bashar al-Assad, e a fome e a miséria imperam.
A situação na Dinamarca foi recentemente ilustrada publicamente pela história de Aya, uma refugiada síria de 19 anos. Ela é uma “estudante brilhante”, de acordo com o diretor de sua escola, na pequena cidade dinamarquesa de Nyborg. Seus dois irmãos fugiram do serviço militar e obtiveram o status de refugiados na Dinamarca.
Depois de enfrentar pressões e ameaças, o resto da família foi forçado a se juntar a eles na Dinamarca em 2015. No entanto, eles só receberam uma autorização de residência temporária. Há 10 dias, a jovem recebeu um e-mail do escritório de migração dinamarquês informando que a licença expirada não seria renovada.
De acordo com dados do escritório de migração, 170 refugiados sírios teriam perdido sua autorização de residência no ano passado. Entre janeiro e fevereiro de 2012, pelo menos 84 também já estão na mesma situação. Uma mensagem lançada nas redes sociais pelo diretor do colégio Aya, compartilhada 10 mil vezes, tornou público o problema.
Apesar da polêmica, o Ministro dinamarquês da Imigração mantém a sua posição: do seu ponto de vista, não existem grandes incidentes de segurança na região da capital síria. Mas o Conselho Dinamarquês para os Refugiados recorda os graves riscos ainda incorridos pela população sob a autoridade de Bashar al-Assad.
Síria: “Quase 60% da população se pergunta como vai comer amanhã”
Em 2021, as necessidades humanitárias na Síria são absolutamente sem precedentes. Após 10 anos de conflito, a população perdeu suas casas, seus rendimentos, seus entes queridos e até mesmo o país que conheciam que foi destruído.
Infelizmente, após os anos de guerra, os sírios enfrentam uma nova crise, desta vez econômica. Muitas pessoas já não podem pagar uma refeição básica. Isso se deve principalmente à combinação de uma década de conflito, do deslocamento de populações, da alta vertiginosa dos preços dos alimentos e da pandemia de Covid-19.
Novos números do Programa Mundial de Alimentos (PMA) mostram que 12,4 milhões de sírios estão em situação de insegurança alimentar. Quase 60% da população total do país se pergunta como vão se alimentar no dia seguite. Nunca este tipo de situação foi vista antes, mesmo durante os piores anos de conflito.
Atualmente, o PMA fornece ajuda alimentar a 4,8 milhões de pessoas em todo o país, nas 14 províncias sírias.
// RFI