A edição de 1989 da cerimônia do Oscar foi definida até como “uma vergonha para a Academia e para toda a indústria cinematográfica”, na época, e ficou conhecida até hoje como a pior apresentação do Oscar de sempre.
A cerimônia do Oscar de 1989 começava com uma atriz vestida de Branca de Neve, perguntando “Para onde é o teatro do Oscar?”.
O colunista Army Archerd, que apresentava o tapete vermelho, respondia: “Só siga as estrelas de Hollywood!” e, imediatamente depois da resposta, pessoas vestidas de estrelas gigantes feitas de papelão começaram a correr e dançar em direção ao palco da premiação. E com essa piada enfadonha tinha início aquela que seria conhecida para sempre como “a pior apresentação da história do Oscar”.
A edição de 1989 não teve um host. A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas chamou o produtor veterano da Broadway, Allan Carr, para organizar o Oscar. Mas os doze minutos que vieram após a tal pergunta da Branca de Neve foram tão ruins que quase afundaram a carreira de Carr.
A edição de 2019 será a primeira desde a desastrosa apresentação com a Branca de Neve que o Oscar não terá um mestre de cerimônias. Nos últimos 30 anos tivemos comediantes, atores, músicos e todo tipo de personalidades do showbiz comandando a premiação. Mas, dessa vez, ninguém quis o trabalho.
The Rock foi chamado e não tinha espaço na agenda; Stephen Colbert e James Corden foram impedidos por terem contrato com emissoras diferentes. Jerry Seinfeld, Oprah e Julia Louis-Dreyfus recusaram a proposta da Academia.
Já nomes ácidos como Bill Maher e John Oliver nem foram chamados: foram riscados da lista de possibilidades por serem polêmicos demais.
Ninguém quis assumir o manto pois, desde que Ellen DeGeneres tirou aquela famosa selfie em 2014, a audiência do Oscar só cai. Em 4 anos, 17 milhões de americanos desistiram de ligar suas televisões naquele domingo de noite, revelam dados da Nielsen.
A responsabilidade de apresentar o 91º Oscar ficou para Kevin Hart, que virou refém de seus próprios comentários ofensivos feitos há quase uma década. As críticas as declarações fizeram com que Hart e a Academia revogassem o contrato e o Oscar ficasse sem um apresentador oficial. De mãos atadas, a organização não teve escolha senão tocar a cerimônia sem um grande nome no comando.
A decisão de manter o Oscar sem host é arriscada: nas 90 apresentações do prêmio, só cinco foram feitas sem apresentador. A primeira vez foi em 1939, na 11ª edição: a cobertura radiofônica foi proibida na época e os prêmios entregues por vários atores e produtores. De 1969 a 1973, uma época de transição de rádio para TV, os produtores ainda não sabiam como fazer uma transmissão exclusivamente visual.
E retornamos à edição de 1989: a fatídica cerimônia com a princesa Disney — que não contava com a autorização da Disney, vale ressaltar.
A entrada com estrelas espalhafatosas não foi o único momento desastroso daquela noite de 29 de março de 1989. Nesse mesmo dia, a performance da música “The Stars of Tomorrow” colocava atores em ascensão para cantar uma canção dizendo abertamente que eles gostariam de vencer um Oscar.
O recado era claro: aquelas eram as apostas da Academia para vencer o prêmio nos anos seguintes. Entre os atores cantando estavam Corey Feldman, Christian Slater e Ricki Lake. Nenhuma das tais “Estrelas do Amanhã” jamais ganhou um Oscar.
Veja abaixo a apresentação de “The Stars of Tomorrow”:
Na manhã seguinte da trágica apresentação, 17 ícones de Hollywood — entre eles a diva Julie Andrews — assinaram uma carta chamando a apresentação de “uma vergonha para a Academia e para toda a indústria cinematográfica”.
O próprio ator que aceitou contracenar com a Branca de Neve, Rob Lowe, classificou a performance como “um grande erro” em entrevista recente ao New York Times. Mas mesmo com esse show de horrores na abertura, aquela foi a maior audiência do Oscar durante cinco anos — até ser desbancado em 1973.
Oscar 2019
Para a edição de 2019, a ideia da Academia foi selecionar vários nomes famosos em Hollywood para comandar pequenos segmentos do show. Diferente de anos anteriores, a maior premiação do cinema deve começar sem um grande monólogo cheio de piadas políticas.
Ao que sabemos, a ideia é rechear a cerimônia de esquetes de comédia e apresentações musicais das canções indicadas ao Oscar — se aproveitando de um ano especialmente prolixo para músicas originais no cinema.
Lady Gaga brilhou com Nasce uma Estrela, Mary Poppins retornou com adoração do público e o rapper Kendrick Lamar fez a elogiada trilha sonora de Pantera Negra. A Academia pretende agendar todas essas grandes estrelas para performar no Dolby Theater e trazer um pouco de diversão no meio do anúncio dos vitoriosos.
A cerimônia oficial acontece em 24 de fevereiro de 2019.
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