A Venezuela se tornou o primeiro país a emitir uma moeda virtual. O “petro”, a nova criptomoeda venezuelana, foi lançada nesta terça-feira (20). A iniciativa é uma tentativa de sair da recessão e permitir a emissão de dívida, proibida pelas sanções econômicas norte-americanas.
As autoridades dizem que o petro, o nome da nova moeda virtual, está sustentado nas reservas petrolíferas do país, as maiores do mundo. De acordo com Nicolás Maduro, presidente venezuelano, cada petro corresponde a um barril de petróleo venezuelano, logo, 100 milhões de petros valem perto de 6 bilhões de dólares, explica o Observador.
Como a criptomoeda é sustentada nas reservas petrolíferas, Maduro alega ser um investimento seguro, mas os analistas recomendam extrema cautela.
“O meu conselho é lidarem com isso de forma muito cautelosa, especialmente por causa do histórico do governo venezuelano”, disse o cofundador da Signatura, Federico Bond, uma startup argentina especializada em moedas digitais, em referência aos incumprimentos financeiros do passado recente por parte do país.
“Eles não estão em uma boa posição para obter financiamento de qualquer outra maneira, portanto isto pode ser visto como uma medida desesperada”, acrescentou o empresário.
O Departamento do Tesouro norte-americano, o equivalente ao Ministério da Fazenda, avisou que quem investir na nova moeda pode estar violando as sanções decretadas por Washington no ano passado.
A nova moeda foi criada para valorizar a moeda “física” do país, e funcionar como método de pagamento aos fornecedores estrangeiros, visto que as últimas sanções dos EUA proíbem a nação de comprar a dívida venezuelana.
“O petro será um instrumento para estabilidade econômica e independência financeira da Venezuela, juntamente com uma visão global e ambiciosa para a criação de um sistema financeiro internacional mais justo, mais livre e mais equilibrado”, lê-se em nota assinada pelo governo de Maduro e divulgada pela Associate Press.
A bitcoin e outras moedas digitais já são comumente utilizadas na Venezuela como proteção contra a hiperinflação. O uso de moedas digitais é também impulsionado pelo preço da eletricidade, uma das mais baratas do mundo, e pelo desespero dos cidadãos, que enfrentam uma recessão econômica maior do que a Grande Depressão dos anos 30 originada nos Estados Unidos.
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