Pelo menos cinco pessoas foram detidas nesta terça-feira suspeitas de terem alterado os documentos técnicos de fiscalização da segurança da barragem que se rompeu em Brumadinho, em Minas Gerais, (MG) e causou uma tragédia que já soma 65 mortos e 279 desaparecidos, informaram fontes oficiais.
De acordo com as autoridades, dois deles – detidos em São Paulo – são engenheiros que não trabalhavam diretamente para a Vale, mas para uma subsidiária da alemã TÜV SÜD, cujos serviços tinham sido contratados pela empresa brasileira.
Os outros três suspeitos eram funcionários da mineradora e foram detidos em Belo Horizonte. Os cinco foram presos de maneira temporária, pelo período de 30 dias, enquanto as autoridades investigam as suspeitas de fraude nos relatórios de segurança.
De acordo com a juíza federal de Brumadinho, Pérola Saliba Brito, a detenção dos envolvidos era “imprescindível” para as investigações.
Segundo a autoridade judicial, os documentos consultados demonstram a existência de indícios de autoria ou participação dos representados em falsidade ideológica, crimes ambientais e homicídios, “crimes estes punidos com penas de reclusão”.
Além das ordens de prisão, expedidas pela Justiça de MG, as autoridades também cumprem sete mandados de busca e apreensão em empresas contratadas pela Vale e residências de pessoas vinculadas à companhia.
“Fizemos buscas na casa dos dois engenheiros que trabalham com a companhia terceirizada e recolhemos documentos que serão analisados em MG“, para aonde serão transferidos os engenheiros nas próximas horas, disse à imprensa o delegado de Polícia Civil Nico Gonçalves, responsável pelas detenções.
De acordo com Gonçalves, nas buscas nas casas dos engenheiros e na companhia onde trabalhavam as autoridades apreenderam documentos, celulares e computadores.
A empresa alemã TÜV SÜD, com sede em Munique e filiais em vários países do mundo, é uma reguladora técnica de segurança em instalações industriais. Por conta dos acontecimentos, a filial da companhia no Brasil lamentou hoje a tragédia ocorrida em Brumadinho e, em comunicado, confirmou ter realizado uma revisão periódica na barragem da Vale em julho de 2018 e uma inspeção regular de segurança da mesma em setembro.
Na nota divulgada, a empresa afirmou que devido às investigações em curso não fará mais pronunciamentos e que dará todas as informações que forem requeridas pelas autoridades. O objetivo dos investigadores é procurar a documentação técnica das empresas contratadas que atestaram a segurança da barragem e verificar se ela foi alterada.
A operação é coordenada pelas autoridades de MG e conta com o Ministério Público Federal, a Polícia Federal de São Paulo e a Polícia Civil.
Pela tragédia, a Vale recebeu duas multas: uma do Ibama de R$ 250 milhões e outra do Governo do Estado de Minas Gerais de R$ 99 milhões. Além disso, desde sexta-feira a Justiça bloqueou um total de R$ 12 bilhões das contas da mineradora para garantir o pagamento das indenizações às vítimas e as reparações ambientais e dos danos causados.
// EFE