Debaixo dos campos agrícolas de uma pequena cidade a nordeste de Viena, na Áustria, foram encontrados vestígios de uma das maiores batalhas travadas por Napoleão Bonaparte.
De acordo com as estimativas, 55 mil soldados morreram quando as tropas de Napoleão entraram em confronto com o exército austríaco na Batalha de Wagram, entre 5 e 6 de julho de 1809. Muitos foram diretamente enterrados no local e, pela primeira vez, uma equipe de arqueólogos escava o campo de batalha, escreve o Live Science.
Os pesquisadores mapeiam as valas comuns, bem como as milhares de balas e itens pessoais que foram deixados no campo, esperando assim ter uma visão mais detalhada do desfecho da batalha. Eles também examinam os ossos dos soldados, descobrindo o quão pouco saudáveis muitos deles estavam antes de morrerem na guerra.
As escavações começaram porque a autoridade rodoviária da Áustria (ASFINAG) está construindo uma rodovia, que se estende do leste de Viena até a fronteira com a Eslováquia, e a rota planejada passa por Deutsch-Wagram, município onde foram encontrados os vestígios da batalha.
Para cumprir as leis de patrimônio cultural, a ASFINAG teve que levar arqueólogos até o local para procurar qualquer vestígio histórico que pudessem ser destruídos ou encobertos pela nova estrada.
“Sempre soubemos que esse campo de batalha estava aqui, mas não havia nenhuma pesquisa planejada ou focada nele”, disse o arqueólogo Alexander Stagl, diretor executivo da Novetus, uma empresa de gestão de recursos culturais em Viena, que ganhou o contrato para as escavações. “Estamos no local da batalha e esta é a razão pela qual acho que temos tantas descobertas”, acrescenta.
Muitos dos soldados foram enterrados com suas roupas e, embora tenham se desintegrado com o tempo, os botões de metal “sobreviveram”. Os objetos podem mostrar aos arqueólogos as fileiras e nacionalidades dessas pessoas.
Slawomir Konik, o arqueólogo responsável pelas escavações, acredita que a equipe encontrou um oficial francês e, eventualmente, poderá ser possível identificá-lo pelo nome.
Mas a equipe não está apenas interessada nos oficiais. Hannah Grabmayer, da Novetus, e Michaela Binder, do Instituto Arqueológico Austríaco, conduzem um estudo antropológico dos restos mortais encontrados.
“Há, obviamente, muitos traumatismos que são impressionantes”, disse Binder, em declarações ao mesmo site. “Mas o que é realmente interessante é aprender como os soldados viviam”.
Dos 50 esqueletos encontrados até agora, a maioria dos indivíduos eram homens jovens entre 16 e 30 anos, com deficiências de vitamina C, inflamação das articulações provocadas pelas longas marchas carregando objetos pesados e doenças como pneumonia, que teriam se espalhado facilmente devido às condições do acampamento militar.
A equipe explora a zona desde março de 2017, estimando vá continuar as escavações até o fim do ano. Trata-se de um projeto caro e de grandes dimensões. Por exemplo, um dos locais cobre uma área do tamanho de 27 campos de futebol.
A ASFINAG reservou 3 milhões de euros para o projeto, com metade do dinheiro para os agricultores cujas terras terão de ser alugadas para a escavação.
Ciberia // ZAP