Embora a tecnologia avance cada vez mais, a ponto de os aparelhos de telefonia celular apresentarem mil e uma funcionalidades, também é verdade que as baterias ainda deixam muito a desejar – algumas precisam ser carregadas mais de uma vez ao dia.
Ao pensarem nisso, estudantes do Centro Estadual de Educação Profissional Isaias Alves (CEEP), no Barbalho, em Salvador, desenvolveram um carregador portátil à base de energia solar.
O invento foi apresentado na última semana de setembro, durante a Semana de Ciência e Tecnologia da escola. Desde segunda-feira, 52 projetos voltados à sustentabilidade e à qualidade de vida da população já foram apresentados e o dispositivo que une o sol ao “cel” foi um dos destaques da mostra.
Quem deu vida à invenção foi a turma do primeiro ano do curso técnico – o projeto foi encabeçado pelos amigos Bernardo Nogueira, 15 anos, Radhija Mendes, 14, e William Freitas, 15. “Há dois meses começamos a pensar em qual projeto apresentar na feira, mas a ideia do carregador só veio há duas semanas”, contou William ao jornal Correio.
Segundo ele, para desenvolver o protótipo, o grupo realizou várias pesquisas e descobriu que, para carregar o celular uma vez por dia durante um ano, gasta-se cerca de R$ 20. “Eu carrego meu celular três vezes ao dia, o que representa um gasto de R$ 60 (por ano). Nosso desafio era fazer uma tecnologia fácil, útil, não poluível e barata”, destacou o estudante.
Como funciona
O carregador é composto por um conversor de USB, reguladores de tensão e pequenas placas fotovoltaicas. Ao contrário das placas solares, que captam a luz solar, as fotovoltaicas captam as células presentes nessa luz. “Isso faz com que não precise necessariamente estar ao sol para o aparelho funcionar”, lembrou Radhija.
Bernardo, o idealizador da engenhoca, explica que ela é composta de três placas: uma positiva, uma negativa e uma neutra. “Quando a luz entra em contato com a placa positiva, ela esquenta e gera energia. Essa energia é distribuída no circuito interno e depois vem para o USB”, detalhou. “Aí, é só conectar o celular e, se estiver funcionando, a lâmpada de led irá ligar”, concluiu.
Desenvolvido às pressas, os estudantes não imaginavam que o projeto faria tanto sucesso. “No início, nosso estande estava vazio. Aí quando as pessoas chegaram e viram o que era, ficaram encantadas”, comentou William.
A feira faz parte do projeto Ciência na Escola, programa de educação científica da Secretaria da Educação do Estado (SEC), que está em sua sexta edição. “As feiras escolares são a primeira etapa do projeto. Depois, tem uma edição com a Bahia inteira”, afirmou a coordenadora do projeto, Shirlei Costa. A última edição ocorrerá em novembro, na Arena Fonte Nova, e contará com a participação de 542 escolas inscritas.
Apesar do sucesso, o carregador à base de energia solar não conseguiu se classificar para a etapa estadual, e por isso, também não estará presente na etapa baiana. “Agora o carregador ficará entre os três para aperfeiçoar”, explicou Radhija. “Se a gente conseguisse um patrocínio, iríamos patentear, trocar as placas fotovoltaicas e melhorar o circuito interno para diminuir o espaço”, contou ela. Por enquanto, a disputa é para ver quem irá levar o protótipo para casa.
// Eco D