Um novo estudo britânico sobre a duração da imunização contra o coronavírus aponta para a necessidade de doses de reforço. A pesquisa, divulgada nesta quarta-feira (25), avaliou duas vacinas, a da Pfizer/BioNtech e a da AstraZeneca.
O estudo “Zoe Covid“, em parceria com a King’s College de Londres, realizou mais de 1,2 milhão de testes e chegou à conclusão de que a eficácia de ao menos duas vacinas contra a Covid-19 começa a cair antes de seis meses após a segunda injeção.
O efeito do imunizante da Pfizer/BioNtech baixa de 88% no primeiro mês depois da segunda dose para 74% após cinco ou seis meses. Já o fármaco da AstraZeneca diminui de 77% a 67% no mesmo período.
No pior do casos, a proteção cai para menos de 50% entre as pessoas idosas. Por isso, para o diretor da pesquisa, Tim Spector, é necessário agir rapidamente. “Não podemos permanecer de braços cruzados e ver a eficácia baixar lentamente enquanto o número de casos segue alto, bem como o risco de contaminação”, afirmou.
Esse não é o primeiro estudo que aponta para a queda da proteção das vacinas anticovid. Nas últimas semanas, diversas pesquisas internacionais vêm sendo publicadas por revistas científicas alertando para os riscos da variante Delta, altamente contagiosa. A linhagem vem contaminando e sendo propagada também por pessoas já vacinadas contra a Covid-19, embora o imunizante se mostre eficaz contra casos graves e contaminações.
A maior preocupação da comunidade médica é com as pessoas não vacinadas e com populações que não podem ser imunizadas até o momento, como os menores de 12 anos. Alguns países, como a França e os Estados Unidos, vêm registrando um aumento de bebês e crianças em hospitais e UTIs. Na maioria dos casos, eles são contaminados por mães e pais não vacinados.
Campanha para a terceira dose
Vários países europeus, Israel e os Estados Unidos apostam na terceira dose dos imunizantes anticovid para tentar barrar a propagação da variante Delta. Na França, a Alta Autoridade de Saúde recomendou na terça-feira (24) que pessoas com mais de 65 anos e suscetíveis de desenvolver formas graves da doença recebam uma terceira injeção a partir de setembro.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) se pronunciou diversas vezes contra as campanhas para as injeções de reforço. A instituição acredita que, para vencer a pandemia, a vacinação completa em países que ainda não tem acesso aos imunizantes precisa ser a prioridade.
Apesar da resistência dos movimentos antivacinas, especialistas do mundo inteiro vem alertando sobre a necessidade urgente da adesão à imunização para impedir o surgimento de variantes do coronavírus mais resistentes. Diante da queda da eficácia dos fármacos ao longo dos meses, muitos deles defendem que a vacinação contra a Covid-19 deverá se tornar anual, como ocorre atualmente contra a gripe.
// RFI