Uma pesquisa baseada na vacinação em andamento no Reino Unido mostrou que uma primeira dose da vacina da Pfizer-BioNTech ou da AstraZeneca (vacina de Oxford) reduziu em 65% as infecções pelo novo coronavírus.
A pesquisa, divulgada nesta sexta-feira (23/04), foi feita pela Universidade de Oxford e uma agência do governo britânico. Seu resultado é importante sobretudo por ser o primeiro a mostrar o impacto da vacina em um grande grupo de adultos da população em geral – ou seja, “no mundo real”, como disse o ministro da Saúde, James Bethell
Além disso, a pesquisa foi realizada numa época em que uma nova variante mais infecciosa do coronavírus, chamada B.1.1.7, já era dominante no Reino Unido. A vacina se mostrou, mesmo assim, tão eficaz em pessoas idosas e com comorbidades como em pessoas jovens e saudáveis.
“Estas descobertas do mundo real são extremamente promissoras”, disse o ministro Bethell. Ele afirmou que os resultados mostram que o programa britânico de vacinação – um dos mais rápidos do mundo – está tendo um “impacto significativo”.
Após segunda dose, até 90% de eficácia
Os cientistas dizem que os resultados apoiam a decisão do Reino Unido de dar prioridade às primeiras doses aos idosos e às pessoas mais vulneráveis, atrasando a aplicação da segunda dose.
Os dados provêm de dois estudos realizados por uma força-tarefa da Universidade de Oxford, do Ministério da Saúde e do Escritório de Estatísticas Nacionais do Reino Unido.
Ambos os estudos foram publicados nesta sexta-feira e ainda não foram revisados por pares. Os pesquisadores analisaram mais de 1,6 milhão de resultados de amostras de nariz e garganta retirados de 373.402 participantes entre 1 de dezembro de 2020 e 3 de abril de 2021.
Eles descobriram que 21 dias após uma primeira dose da vacina da AstraZeneca ou da Pfizer-BioNTech – sem uma segunda dose – as taxas de todas as novas infecções haviam caído 65%.
Isso incluiu uma queda nas infecções sintomáticas de 74% e uma queda nas infecções sem sintomas relatados de 57%. As reduções nas infecções gerais e nas infecções sintomáticas foram ainda maiores após uma segunda dose – 70% e 90%, respectivamente – , e foram semelhantes aos efeitos em pessoas que haviam tido anteriormente uma infecção por covid-19.
Queda nas mortes
Um segundo estudo analisou os níveis de anticorpos contra o vírus para ver como eles mudaram após uma dose de ambas as vacinas, e após duas doses da vacina da Pfizer. Os resultados mostraram que as respostas de anticorpos a uma única dose de qualquer uma das vacinas foram ligeiramente menores em pessoas mais velhas, mas ainda assim altas em todas as idades após duas doses da Pfizer.
Mais de 33 milhões de pessoas no Reino Unido receberam uma primeira dose de uma vacina contra a covid-19, e 10 milhões já foram imunizadas com duas doses.
O país, que chegou a ser um dos mais atingidos pela pandemia no mundo, tem a covid-19 hoje sob controle, com uma eficiente campanha de vacinação combinada com lockdowns pontuais. Nesta quinta-feira, registrou 18 mortes pela doença. Em março, o novo coronavírus foi apenas a terceira causa de mortes entre britânicos.
A vacina da Pfizer ainda não está em uso no Brasil. O primeiro lote, com 1 milhão de doses produzidas na Europa, chegou apenas nesta quinta-feira ao país e deverá ser distribuída nos primeiros 15 dias de maio.
Por enquanto, estão em uso no país apenas a Coronavac, desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac e pelo Instituto Butantan, e a vacina de Oxford/AstraZeneca, produzida no Brasil pela Fiocruz.
Ciberia // Deutsche Welle