Grávida medieval deu à luz no túmulo; depois de uma “neurocirurgia”

A. Pasini et al. / World Neurosurgery

A tétrica sepultura encontrada pelos arqueólogos em 2010

Uma grávida da Idade Média, que foi sujeita a uma cirurgia craniana na Itália, deu à luz depois de ter falecido, de acordo com uma equipe de cientistas que examinou os antigos restos mortais da mulher medieval.

Cientistas da Universidade de Ferrara e Bolonha, na Itália, analisaram o esqueleto de uma mulher, descoberto em 2010 na pequena cidade de Imola, na Bolonha, que teria sido sujeita a uma cirurgia craniana e dado à luz após a morte. Acredita-se que os restos mortais sejam do período entre 600 e 700 a.C.

O caso, cujos detalhes foram publicados em fevereiro na revista World Neurosurgery, foi identificado pelos arqueólogos como sendo um nascimento no caixão — fenômeno que ocorre quando o embrião de uma grávida falecida é expulso do corpo da mãe no túmulo.

Conhecido como extrusão fetal após a morte, o nascimento ocorre na sequência do aumento da pressão de gás dentro de um corpo em decomposição.

A mulher foi encontrada com o embrião entre as pernas. Devido à posição dos ossos, os cientistas concluíram que se tratava de um caso de nascimento no caixão. A cabeça do embrião e a parte superior do corpo foram encontradas fora da cavidade pélvica da mulher, enquanto as pernas do bebê ficaram dentro.

De acordo com os cientistas, há uma grande probabilidade de se tratar de um nascimento parcial de uma gravidez de 38 semanas – a pouco menos de duas semanas do desenvolvimento completo do feto.

A. Pasini et al. / World Neurosurgery

Pequenos ossos encontrados abaixo da pélvis da mãe

A mulher tinha também um buraco de 5mm no crânio, o que parece indicar que teria sido sujeita a uma trepanação, procedimento cirúrgico de abertura do crânio por perfuração ou raspagem das camadas ósseas.

A ideia de que uma grávida medieval de 38 semanas pudesse ter sido sujeita a uma forma primitiva de cirurgia é aparentemente bizarra, mas poderia, na realidade, ter havido uma razão médica para a realização da intervenção.

A trepanação era usada para tratar a pré-eclampsia, ou pressão arterial elevada ligada à gravidez, pelo que os cientistas supõem que teria sido o caso da gestante. A mulher teria sobrevivido apenas uma semana após a operação, e sepultada ainda grávida, dando à luz durante a decomposição do corpo.

O caso aparentemente incomum é na realidade mais comum do que poderia se pensar, havendo vários casos documentados na literatura científica. No ano passado, um caso semelhante foi registrado em um cemitério próximo de Gênova, também na Itália.

Ciberia // Sputnik / ZAP

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