Facundo Arrizabalaga / EPA
Kate e Gerry McCann, os pais de Madeleine, seguram uma simulação de como a garota estaria aos 9 anos
Faz nesta quarta-feira, 3 de maio, 10 anos que Madeleine McCann desapareceu. A menina britânica que estava prestes a fazer 4 anos e sobram teorias e suspeitas e faltam provas para confirmar o que aconteceu.
O caso do desaparecimento de Madeleine continua a surpreender o mundo porque prossegue o mistério absoluto quanto ao que realmente aconteceu naquela noite.
A garota estaria dormindo em um apartamento do Ocean Club, na Praia da Luz, Algarve (sul de Portugal), enquanto os pais, dois médicos britânicos, jantavam com amigos em um restaurante do resort.
Morte Acidental
O ex-inspetor da Polícia Judiciária (PJ) portuguesa, Gonçalo Amaral, que foi o primeiro responsável pelo caso, acredita que Madeleine morreu de forma acidental e que a morte da criança foi encoberta pelos pais. A sua teoria é de que eles esconderam o corpo em uma arca frigorífica e que o cremaram, ocultado no caixão de uma mulher britânica.
A especialista criminal Pat Brown defende também a tese da morte acidental, alegando que teria ocorrido por “negligência e medicação” dos pais.
Kate, que trabalhava como anestesista antes do desaparecimento de Madeleine, daria aos filhos um medicamento para eles dormirem. Ela considera que a menina pode ter morrido em função disso, por causa de problemas cardíacos.
Em entrevista à CMTV, após o canal ter exibido uma grande reportagem sobre o caso, o ex-inspetor da PJ nota a marca que a menina tinha em um olho, nas fotos divulgadas na época do desaparecimento. Ele frisa que pode ser um sinal de um problema cardíaco.
Mas nunca foi possível confirmar se ela teria ou não este tipo de problema, uma vez que a PJ nunca teve acesso aos registros médicos de Madeleine, que nunca foram cedidos pelas autoridades britânicas, lamenta Amaral.
“Não sabemos nada sobre aquela criança”, diz o ex-inspetor, notando ainda, na CMTV, o fato de ela ter sido registrada só dois meses depois de ter nascido, algo que define como “muito estranho” em um país como o Reino Unido. Amaral refere que haveria dúvidas quanto à paternidade de Gerry.
Kate e Gerry McCann chegaram a ser suspeitos pela justiça portuguesa, mas 15 meses depois o caso foi encerrado sem conclusão. Posteriormente, a investigação foi reaberta e está, agora, sob responsabilidade da PJ do Porto.
Diretor da PJ garante que “pais não são suspeitos”
O diretor-adjunto da PJ, Pedro do Carmo, destacou que os pais de Madeleine “não são suspeitos”. Em uma entrevista ao jornal Expresso destaca ainda que nenhuma polícia do mundo poderia ter atuado de forma diferente no caso.
“Nunca tínhamos tido e não voltamos a ter um caso semelhante“, diz ainda Pedro do Carmo sobre o desaparecimento que a PJ e a Scotland Yard ainda investigam. “A relação entre as duas polícias é de grande proximidade e de grande colaboração”, assegura o diretor-adjunto da PJ.
As declarações surgem depois de Gonçalo Amaral, o primeiro responsável pelo caso e que foi afastado, ter denunciado “pressões políticas” do Reino Unido sobre as autoridades portuguesas no âmbito da investigação.
Vítima de pedófilo
Outra tese passa pelo rapto da criança por parte de um pedófilo que pode tê-la matado, escondendo o corpo em local incerto.
Um antigo funcionário do resort da Praia da Luz, onde a criança desapareceu, chegou a ser interrogado pela PJ, depois de ter sido suspeito em um caso em que um homem entrava em casas de férias de turistas, para abusar de meninas enquanto dormiam. Testes de DNA o inocentaram.
Há também relatos de várias testemunhas que alegam terem visto homens suspeitos rondarem o apartamento dos McCann nas vésperas do desaparecimento.
A tese de pedofilia envolve também suspeitas em torno de David Payne, médico amigo de Gerry McCann, que teria sido implicado em vários casos de abuso de menores no Reino Unido, e que estava na Praia da Luz na época do desaparecimento.
Payne costumaria dar banho em Madeleine e nos outros dois filhos gêmeos dos McCann, bem como nos restantes filhos do grupo de amigos.
Gonçalo Amaral descreve ainda, no documentário da CMTV, um relato de uma mulher que teria visto David Payne fazer um gesto obsceno para Gerry, simulando sexo oral e esfregando um mamilo, perguntando se a garota já fazia aquilo.
Neste âmbito das suspeitas de um rapto motivado por razões sexuais, assume-se que Madeleine pode ainda estar viva, escondida por um possível pedófilo – o que seria um caso semelhante ao da austríaca Natascha Kampusch, raptada aos 10 anos de idade e que esteve em cativeiro durante oito anos.
Agora com 29 anos, a jovem diz ao Daily Star que Madeleine pode estar vivendo “com um novo nome” sem sequer saber quem é de verdade.
Raptada e vendida a casal rico
Outra teoria de rapto vai ao encontro de que Madeleine teria sido levada por uma rede de tráfico de crianças e, posteriormente, vendida a um casal rico do Oriente Médio. Há relatos de testemunhas que garantem ter visto a criança no Marrocos acompanhada por um homem.
Ao longo de 10 anos, foram mais de 8 mil os avistamentos da menina por todo o mundo, o que iria ao encontro da tese sobre tráfico infantil. Mas as autoridades nunca conseguiram indícios claros nesse sentido.
Atropelada
Há uma especulação que diz que Madeleine pode ter acordado, no meio da noite, enquanto os pais jantavam com os amigos, e que pode ter saído do apartamento para procurá-los. Neste cenário, a criança teria sido atropelada quando saiu para a rua por um condutor que teria, então, escondido o seu corpo.
Queda em um fosso
Outra tese que vai ao encontro da ideia de que Madeleine pode ter saído do apartamento aponta que a criança pode ter caído em um fosso de obras, perto do resort, ficando presa, sem poder pedir ajuda, ou morrendo instantaneamente. No dia seguinte, com a continuação das obras, o corpo pode ter ficado irremediavelmente escondido nas fundações de cimento.
Estas duas teorias, a do atropelamento e a da queda, esbatem na dificuldade que a criança de quatro anos teria para sair do apartamento, implicando abrir e fechar portas e cortinas.
Vítima de um assaltante
Finalmente, adianta-se que a criança pode ter sido vítima de um ladrão durante um assalto. A ideia é que Madeleine teria acordado com a presença do assaltante e que este, em pânico, pode tê-la retirado do local, viva ou morta.
A PJ chegou a interrogar quatro suspeitos de assaltos, com antecedentes, mas não encontrou provas contra eles. E Pedro do Carmo revela ao programa Panorama, da BBC, que eles nunca foram, verdadeiramente, suspeitos. “Questionamos estas pessoas a pedido da Metropolitan Police e apenas com base no pedido da Metropolitan Police”, destaca o diretor-adjunto da PJ.
O ex-elemento do Sindicato dos Oficiais da PJ, Carlos Anjos, revela ao mesmo programa britânico que a “teoria de roubo é absurda”. “Nem sequer uma carteira desapareceu, não desapareceu a televisão, nada mais desapareceu”, a não ser a criança, frisa.
McCann acreditam que “tudo acabe bem”
Enquanto o enigma prossegue, os pais de Madeleine continuam a saga pela procura da criança e pela defesa da tese de rapto. “Eu acho tudo inconcebível. Ainda tenho esperança que, no fim, a justiça prevaleça e tudo acabe bem”, refere Kate McCann em uma entrevista à BBC, gravada no âmbito do 10º aniversário do desaparecimento.
“Podíamos gastar todo o nosso tempo e energia nos defendendo e corrigindo incorreções e mentiras, mas esgotaríamos as nossas forças para procurar a Madeleine, cuidar dos nossos outros filhos e viver a nossa vida”, escreve ainda Kate na página Official Find Madeleine Campaign.
Os McCann dizem ainda acreditar que a justiça vai conseguir chegar ao “raptor” de Madeleine e devolvê-la à família.
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