Jessie Knight foi a primeira mulher tatuadora na história do Reino Unido. O seu trabalho está em exposição no National Maritime Museum Cornwall, na Inglaterra.
Jessie Knight desistiu da promissora carreira como tatuadora quando se casou, aos 27 anos, porque o marido não aprovava a profissão. Anos mais tarde, o casamento terminou depois que ela atirou nele — sem intenção de matar — quando ele chutou o cachorro do casal escada abaixo. O fim da relação fez Jessie voltar para a arte em que foi vanguardista e a tornou popular nos anos 1940.
A tatuadora nasceu em 1904, filha mais velha em uma família de oito irmãos. Seu pai era marinheiro e a mãe, “louca”, nas palavras dela. Sabe-se que, ao atirar no marido, ela não tinha como objetivo matá-lo porque Jessie foi, por anos, atiradora de circo.
Naquela época, trabalhar neste ramo, especialmente sendo mulher, não era visto com bons olhos. Mas Jessie era uma mulher à frente de seu tempo e não costumava fazer o que lhe diziam ou o que achavam moralmente aceitavam para alguém do sexo feminino.
“Ela costumava ler livros atrevidos para as crianças da família para animar os pais”, diz Neil Hopkins-Thomas, seu sobrinho-neto. “Ela era uma personagem cheia de histórias e aventuras”, conta.
O trabalho da tatuadora está em exposição no National Maritime Museum Cornwall, na Inglaterra, em uma exposição sobre a história social da tatuagem na Grã Bretanha.
“Na melhor das hipóteses, as tatuagens eram desprezadas como uma arte inferior desfigurante; na pior, eram uma marca de criminalidade”, explicam os curadores da mostra, Matt Lodder e Derryth Ridge, em entrevista ao “Guardian”.
Quando seu talento começou a ficar conhecido, Jessie foi roubada uma série de vezes, tendo perdido não só dinheiro, mas também projetos pessoais que guardava. Chegou a ser inclusive caluniada: além de ser chamada de prostituta, como se fosse algo não digno, ainda sofreu com alegações de que o material que utilizava para tatuar não era esterilizado.
Em 1955, ela concorreu ao prêmio Tattoo Artist of All England (“Tatuador de toda a Inglaterra”, em tradução livre) e terminou em segundo lugar. Seu sobrinho acredita que ela só não ganhou o prêmio principal por ser mulher.
Jessie parou de tatuar na metade dos anos 1960, embora tenha continuado a tatuar amigos e familiares na sala de sua casa. Quando morreu, aos 90 anos, deixou para a mãe de Neil sua coleção de desenhos e os poemas que guardou ao longo dos anos.
Sua importância na história acabou se perdendo um pouco pelo tempo, até por uma característica dela mesma. A primeira tatuadora mulher do Reino Unido não costumava espalhar sobre seu talento e sobre suas conquistas.
“Acho que as pessoas olhavam para ela e pensavam: ‘Aquela mulher estranha’, sem saber o que ela tinha feito na vida”, diz Neil. “Eles sempre ficavam absolutamente pasmos quando descobriam.”
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