Nos últimos meses, quatro grandes tubarões-brancos foram encontrados esquartejados, sem os respectivos fígados, como se tivessem sido arrancados por um cirurgião treinado. Uma vaga de violência cometida por orcas que está surpreendendo os cientistas.
A África do Sul foi palco, recentemente, de pelo menos quatro ataques deste gênero, depois de quatro grandes tubarões-brancos terem sido encontrados mortos, sem o fígado e partes de outras vísceras. Os tubarões teriam sido atacados por orcas.
O caso está deixando cientistas da área estupefatos, pois é “a primeira vez que um tubarão-branco é dissecado depois de predação orca, surpreendendo pesquisadores e amantes de tubarões”, afirma o Fundo de Conservação da Ilha de Dyer (DICT, na sigla original em inglês) da África do Sul, em nota.
Orcas têm o fígado como alvo
No dia 24 de junho, cientistas do Fundo foram chamados para o quarto caso de um tubarão-branco encontrado esquartejado na praia Pearly, em Gansbaai, no sudoeste da África do Sul.
O animal tinha 4,1 metros de comprimento, não tinha o fígado, nem os testículos, nem o estômago, e ainda sangrava. A suspeita é de que estaria morto há poucos dias, conforme revela a bióloga do DICT, Alison Towner, citada na página do Fundo.
“Este é o quarto tubarão-branco morto documentado desde maio que podemos relacionar com a predação orca”, informa Alison Towner citada no perfil do Facebook da Marine Dynamics, empresa que se dedica à organização de visitas turísticas de mergulho na chamada “gaiola de tubarão”, para observação dos assustadores e perigosos animais.
A Marine Dynamics, que atua particularmente na zona de Gansbaai, conhecida por ser um “ponto quente” para ver de perto os grandes tubarões-brancos, também foi chamada para a recolha dos três outros casos de animais atacados.
Durante o passado mês de maio, foram encontrados mortos uma tubarão-branco fêmea de 4,9 metros e dois machos de 3,6 e 4,5 metros.
Os três animais também não tinham o fígado e apresentavam feridas consistentes com “predação orca”, conforme o DICT, salientando que as baleias assassinas “atacam e atordoam o tubarão em uma imobilidade tônica e o fígado flutuante sobe à superfície através da lesão”.
Isto parece indiciar que as orcas teriam visado especificamente o fígado, cujo óleo e gordura são ricos em nutrientes, embora faltasse também um coração de um dos tubarões e os testículos e o estômago de outro.
Superpredadores que agem quase como os humanos
As responsáveis pelos ataques a grandes tubarões-brancos seriam duas orcas avistadas nas costas de Gansbaai.
E se os ataques de orcas a tubarões-brancos não são propriamente inéditos, o que surpreende é o fato de terem se repetido em tão curto espaço de tempo. As orcas não têm por hábito caçar estes grandes animais regularmente, conforme destaca a Fox News o diretor do Programa de Pesquisa de Tubarões da Flórida (EUA), George Burgess.
Entretanto, estes superpredadores da família dos golfinhos “são conhecidos por terem uma cultura, muito como os humanos, e diferentes culturas de orcas se especializam em diferentes presas e em diferentes estratégias de caça”, salienta o cientista marinho Boris Worm, da Universidade Dalhousie na Nova Escócia, no Canadá.
E se o tubarão-branco é uma presa difícil, fruto do seu poderio e tamanho, “as orcas (como os humanos) usam estratégias de caça de grupo que podem levar a melhor sobre quase qualquer presa”, destaca Worm.
As orcas machos maiores podem atingir mais de nove metros de comprimento, bem mais do que os tubarões-brancos que são considerados uma espécie vulnerável, com os números de indivíduos da espécie diminuindo de forma preocupante.
Além de serem caçados por esporte ou pelas suas barbatanas e dentes, de ficarem acidentalmente presos em redes de pesca, os grandes tubarões-brancos estão agora também ameaçados pela “fome” das orcas.
// ZAP