Marte “esconde” um vasto lago de água salgada sob uma camada de gelo no seu Polo Sul. Cientistas italianos anunciaram que pela primeira vez têm provas da presença de água liquida no Planeta Vermelho.
Sinais recolhidos durante três anos pelo radar da sonda europeia Mars Express indiciam a presença de um lago em Marte muito semelhante aos grandes lagos de água líquida encontrados debaixo do gelo da Antártida e da Groenlândia, aponta um novo estudo publicado nesta quarta-feira (25) na revista Science.
“Foram anos de debate e pesquisa, ficamos anos discutindo se isso era mesmo possível. Mas agora podemos dizer: descobrimos água em Marte“, disse o astrônomo Roberto Orosei, cientista da Universidade de Bolonha e principal autor do estudo.
De acordo com a equipe de cientistas que conduziu a pesquisa, o lago marciano teria cerca de 20 quilômetros de largura e estaria a 1,5 quilômetros da superfície, não sendo ainda possível calcular o volume total da água.
“A descoberta traz novas possibilidades para a busca de micro-organismos no ambiente marciano”, disse Elena Pettinelli, cientista da Universidade de Roma, citada pelo jornal espanhol La Vangardia.
Atualmente, Marte é um planeta frio, deserto e árido, mas no passado, há pelo menos 3,6 bilhões de anos, foi quente e úmido e tinha água líquida e lagos.
Os cientistas não descartam a possibilidade de ser encontrado um “depósito biológico”, uma vez que algumas bactérias podem sobreviver a baixas temperaturas e graças a substâncias salinas.
A procura de vestígios de água líquida em Marte tem sido uma meta incessante da comunidade científica, pois a água nesse estado é uma condição essencial para a existência de vida como a conhecemos.
Em 2007, a sonda Mars Express já tinha confirmado a existência de água em Marte, perto do Polo Sul. Mais recentemente, em 2015, um estudo publicado na revista Nature Geoscience concluiu que as linhas escuras que aparecem sazonalmente na superfície de Marte correspondem a água líquida salobra que flui pelas encostas do planeta.
A conclusão se baseia na análise de imagens recolhidas pela sonda norte-americana Mars Reconnaissance Orbiter.
Apesar de inóspito, Marte é considerado o planeta do Sistema Solar mais parecido com a Terra. Estruturas geológicas demonstram que, há muito tempo, água líquida era abundante na superfície do Planeta Vermelho. Em um passado remoto, advogam os cientistas, o planeta teve um oceano maior do que o Ártico.