O ator Tarcísio Meira morreu na manhã desta quinta-feira (12/08), em São Paulo, vítima de covid-19, aos 85 anos. Ele estava internado para tratamento da doença no hospital Albert Einstein.
O artista chegou a ser intubado na UTI e ser submetido a hemodiálise contínua, por problemas renais, depois de dar entrada no hospital na última sexta-feira, juntamente com sua esposa, a atriz Glória Menezes.
De acordo com o boletim médico divulgado pelo hospital, sua esposa de 86 anos está se recuperando bem, num apartamento, e recebe oxigênio via nasal. O casal recebera a 2ª dose da vacina contra o novo coronavírus em março, numa cidade do interior de São Paulo.
Políticos e colegas lamentam
Os senadores participantes da CPI da Pandemia fizeram um minuto de silêncio em memória de Tarcísio. Vários políticos, admiradores e colegas de profissão lamentaram a morte do artista nas redes sociais.
“Não há palavras para expressar a tristeza que estamos sentindo pela partida do querido Tarcísio Meira. Mais uma pessoa incrível, gigante, cheia de talento e filho do nosso Brasil, que perdemos para a covid-19. Meus sentimentos à família, amigos e a nós, fãs inconsoláveis de Tarcísio”, escreveu o vice-presidente da CPI, o senador Randolfe Rodrigues.
“Hoje, o Brasil perde mais uma pessoa incrível para a covid-19. Tarcísio Meira foi um artista brilhante que levou alegria para a casa de todos nós. Que sua família e amigos encontrem conforto neste momento tão difícil. Vá em paz Tarcísio!”, publicou a escritora e ex-deputada Manuela D’Ávila.
Por sua vez, o ator José de Abreu escreveu: “Descanse em paz, Tarcísio Meira. Meu querido Capitão Rodrigo!”, referindo-se à personagem Rodrigo Cambará, interpretada por Tarcísio na série O tempo e o vento, baseada na obra de Érico Verissimo.
O ator Tony Ramos, em entrevista emocionada à emissora Globonews, descreveu a morte do amigo como “uma perda absolutamente inesperada” e “dilacerante”. Ele ainda pediu aos brasileiros que se protejam da covid-19: “Esse vírus maldito que muitos ainda querem negar ou passar pano em cima disso, esse vírus demolidor não escolhe hora e nem quem vai atacar. Por isso: protejam-se, cuidem-se.”
Quase seis décadas de carreira
Nascido em São Paulo em 5 de outubro de 1935, Tarcísio Pereira de Magalhães Sobrinho descendia da aristocracia rural sul-mineira. Sua primeira apresentação no teatro foi em 1957, na peça A hora marcada. Dois anos depois, estreava na TV Tupi, com o teleteatro Noites brancas.
Contracenou pela primeira vez com Glória Menezes em 1961, em outra peça de teleteatro, Uma Pires Camargo. Pouco depois se casariam, passando a formar uma das duplas mais admiradas da televisão brasileira. O casal tem um filho, Tarcísio Filho, também ator.
Sob o nome artístico Tarcísio Meira, em 1963 ele foi o galã da primeira telenovela diária da televisão brasileira, 2-5499 ocupado, na TV Excelsior. Protagonizou ainda mais sete telenovelas na emissora, até o casal se transferir para a Rede Globo.
Com 135 capítulos, de dezembro de 1967 a junho de 1968, e situada na Espanha das touradas, a “novela das oito” Sangue e areia foi a primeira da autoria da famosa Janete Clair, com grande êxito. A partir daí, Tarcísio tornou-se presença constante na teledramaturgia brasileira, com mais de 50 trabalhos entre telenovelas, minisséries e seriados, até 2020. O ápice de sua carreira televisiva foi nas décadas de 70 e 80.
No cinema, atuou em 23 produções, entre 1963 a 2011, entre as quais se destacam República dos assassinos (1979), de Miguel Faria Jr., A Idade da Terra, de Glauber Rocha, Eu te amo, de Arnaldo Jabor (ambas de 1981), e Eu (1987), de Walter Hugo Khouri.
Bem mais do que sua imagem de galã de telenovela, irresistível, bem vestido e refinado, Tarcísio Meira era um artista de muitos recursos. Respeitado nos meios artísticos, ele recebeu o prêmio de melhor ator da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) por sua atuação na minissérie da Globo A muralha, de 2000.
Ciberia // DW