A modelo e estudante Raíssa Santana, 21 anos, coroada no início do mês como a mulher mais bonita do país, não imaginava como sua vida mudaria em tão pouco tempo.
“Vencer o Miss Brasil 2016 foi um divisor. A repercussão foi maior do que imaginei. Tinha outra rotina. Agora, tenho a agenda cheia de compromissos, mas estou muito feliz”, diz Raissa Santana, modelo nascida na Bahia e criada em Umuarama, interior do Paraná, estado que representa.
A ‘baiana-paranaense’ entra para a história como a segunda mulher negra a ganhar o concurso e como a primeira a representar o país no Miss Universo, que deve acontecer em janeiro de 2017, nas Filipinas. Deise Nunes foi a primeira Miss Brasileira negra, em 1985.
“Parece um conto de fadas. Sei que estou representando muitas meninas. Quero incentivar todas elas, mostrando que podem realizar o que lutarem”, diz, emocionada.
A edição deste ano foi inédita também por apresentar o maior número de mulheres representantes da beleza negra: foram seis candidatas, das quais uma fisgou o primeiro lugar, Raíssa. Miss Maranhão Deise D’Anne, também negra, ficou com o terceiro lugar.
“Tenho consciência da responsabilidade de estar representando essas mulheres fortes e guerreiras. Elas me param na rua. Aliás, muitas mulheres, independentemente da cor, vêm me falar da felicidade de terem me visto ganhar”, garante a modelo.
“Nunca sofri racismo direto, mas indireto, sim. Na época de escola, sofria bullying por ser bonita”, diz a nova Miss Brasil. “Hoje, ainda existe preconceito racial, mas também existe muita conscientização. A beleza passa pela aceitação. A mulher deve se sentir bem do jeito que é”.
O ‘reinado’ de Raíssa dura um ano, e ela quer usar essa exposição para crescer profissionalmente. Mas também sabe que a ‘coroa’ carrega uma responsabilidade. “Quero aproveitar esse momento e trabalhar muito. Desejo ser um exemplo de alguém que batalha. Inspirar outras mulheres a irem em busca dos seus sonhos”, diz.
Ela afirma que não descarta participar de campanhas importantes para a sociedade, caso seja convidada: “Usaria minha imagem para uma campanha contra bullying e racismo, por exemplo”, esclarece a Miss com a segurança de quem já viveu na história mais do que seus poucos 21 anos de vida.
Antes da coroação, a bela morava no Paraná com a mãe, Rosineide Santana, e os quatro irmãos, dois meninos e duas meninas, todos mais novos que ela.
“Minha mãe é uma guerreira. Trabalha como funcionária doméstica e lutou muito para dar uma vida melhor para nós”, diz Miss Brasil.
Raíssa começou a trabalhar como modelo e participar de concursos de beleza por acaso. Era secretária numa academia quando foi descoberta. “Ser Miss foi consequência disso. Não foi um sonho de criança. As mesmas pessoas que me descobriram me levaram até o Miss Brasil. São meus anjos da guarda até hoje”, conta.
Ela assegura que nunca vai esquecer o que ela e a mãe sentiram quando seu nome foi anunciado. “Foi uma emoção indescritível. Tudo é por ela, e por eles. Acredito que em breve vou dar uma vida melhor para minha família. Tudo já está mudando”, confidencia.
“Quero fazer todo trabalho que vier. Também não descarto me tornar atriz. Se surgir algo na TV, vou adorar. Quero me aventurar”, diz a Miss Brasil 2016.
Breve história de Miss Brasil
Nos tempos do Império, por volta de 1865, já há registros históricos de ‘concursos’ para eleger as mulheres mais bonitas da sociedade.
Em 1900, há registros de eleição de uma Miss Brasil no país de maneira ‘não-anual’. Desta forma, Violeta Lima Castro é considerada a primeira de todas, eleita naquele ano.
O concurso existe ‘oficialmente’ desde 1954. Até hoje foram coroadas 61 mulheres representando seus estados.
Entre os nome inesquecíveis, estão Martha Rocha, a primeira Miss Brasil, oficialmente, que virou até nome de pedra preciosa. E a atriz Vera Fischer.
Raíssa Santana foi a segunda Miss Brasil negra a conquistar o título em 62 anos de existência do concurso. A primeira foi Deise Nunes, em 1985. Exatos 30 anos separam um título do outro.
// Agência BR