No Universo, há uma grande quantidade de matéria que não conseguimos ver diretamente. No entanto, os cientistas garantem que, apesar de não a conseguirmos ver, ela existe: é a chamada matéria escura.
A matéria escura puxa as estrelas e galáxias ao seu redor, alterando seus movimentos. Além disso, puxa também a luz conforme ela passa, dobrando sua trajetória, em um fenômeno chamado lente gravitacional. Agora, uma equipe de cientistas estudou esse fenômeno e onde acontece, desenhando um detalhado mapa 3D da matéria escura.
A maior vantagem desse recente mapa cósmico, publicado no arXiv no dia 24 de setembro, é que ajudará os cientistas a descobrir precisamente como e onde a matéria escura opera no espaço. Esse tipo de energia invisível cobre o Universo, acelerando sua expansão.
“Esse mapa nos dá uma imagem mais detalhada da quantidade de energia escura que existe e nos diz também um pouco mais sobre suas propriedades e de que forma acelera a expansão do Universo”, disse Rachel Mandelbaum, astrônoma da Universidade Carnegie Mellon, em Pittsburgh, em comunicado.
Para construir o mapa, a equipe estudou cuidadosamente as formas de até 10 milhões de galáxias, incluindo aquelas muito distantes, das quais a luz criada há milhares de milhões de anos, durante o início do Universo, só agora está atingindo a Terra.
Em seguida, mediram o quanto as formas das galáxias pareciam estar distorcidas em relação ao que esperavam e revelaram a porcentagem dessa distorção que era provocada pela matéria escura. Essa diferença permitiu aos astrônomos medir quanta matéria escura a luz tinha que passar antes de atingir o nosso planeta.
Esse mapa tem por base o primeiro dos cinco anos de observações do telescópio japonês Subaru no Havaí, como parte de um projeto chamado Hyper Suprime-Cam Survey (HSC). O HSC continuará percorrendo o espaço durante mais quatro anos para tornar o mapa ainda mais preciso e completo.
A equipe comparou os resultados com uma pesquisa realizada anteriormente na Europa, chamada Planck. Essa pesquisa analisou os leves traços do Big Bang deixados para trás na radiação eletromagnética, conhecida como fundo de micro-ondas cósmico. A diferença entre os dois resultados é muito pequena, aliás, pequena o suficiente para que não seja estatisticamente significativa.
O fato de o HSC encontrar resultados um pouco mais baixos do que o Planck levanta uma questão tentadora: será que a energia escura se comporta como a constante cosmológica de Einstein?
A equipe não responde à questão, mas adianta que o HSC é um ótimo complemento para outras pesquisas. “A combinação de dados entre os projetos será uma ferramenta poderosa à medida que tentamos descobrir mais e mais sobre a natureza da matéria escura e da energia escura”, dizem os cientistas.
Ciberia // ZAP