As cinco pessoas mais ricas do Brasil têm um patrimônio equivalente a metade da população brasileira, informou nesta segunda-feira (22) a organização não-governamental (ONG) Oxfam, salientando que a riqueza dos milionários nacionais cresceu 13% em 2017.
No relatório “Recompensem o trabalho, não a riqueza“, a confederação de 17 organizações não-governamentais Oxfam (Comissão de Combate à Fome de Oxford) explicou que 50% das pessoas mais pobres do país viram sua parte nos rendimentos nacionais reduzida de 2,7% para 2%.
Rafael Georges, coordenador de campanha da Oxfam no Brasil, explicou à agência Lusa que os dados da pesquisa, fornecidos pelo banco Credit Suisse, indicam que há uma tendência de aprofundamento da desigualdade social no Brasil.
“A concentração de patrimônio é muito cruel e eficiente para quem está no topo. Se você tem bastante patrimônio, consegue gerar renda e consequentemente mais patrimônio. Quando a economia brasileira começou a esboçar alguma recuperação, esta parcela da população mais rica experimentou um momento favorável”, disse.
“Já as pessoas que estão na parte de baixo da distribuição patrimonial, ou seja, a metade mais pobre da população, acabou perdendo o pouco que tinha ou aprofundou suas dívidas”, acrescentou Rafael Georges.
Entre 2016 e 2017, o patrimônio dos milionários brasileiros chegou a R$ 549 bilhões, e o número de indivíduos considerados multimilionários aumentou 45%, passando de 31 para 43 pessoas. No entanto, o especialista da Oxfam lembrou que o Brasil experimentou uma perda de riqueza significativa quando comparado com outros países.
“Houve uma diminuição do patrimônio brasileiro na ordem de 6%. Isto significa que todo patrimônio financeiro e não financeiro do país recuou 6%. Avaliamos que isto foi um reflexo da retração econômica vivida nos últimos anos”, afirmou.
Questionado sobre tendências futuras do comportamento da curva de desigualdade no país, o analista da Oxfam mostrou-se pessimista.
“No Brasil acontece um movimento contrário ao que indicamos ser as melhores práticas para a redução da desigualdade. Nos últimos 15 anos houve ganhos, mas estes ganhos – apesar de positivos – não eram estruturais e estão sendo desmontados agora”, apontou Rafael Georges.
O lançamento do relatório da Oxfam é feito na véspera do Fórum Econômico Mundial, que junta os principais líderes políticos e empresariais do planeta na cidade de Davos, na Suíça, entre 23 e 26 de janeiro, onde Temer estará presente.
Os 5 mais ricos
1) Jorge Paulo Lemann, 77 anos (3G Capital);
2) Joseph Safra, 78 anos (Banco Safra);
3) Marcel Herrmann Telles, 67 anos (3G Capital);
4) Carlos Alberto Sucupira, 69 anos (3G Capital);
5) Eduardo Saverin, 35 anos (Facebook).
Ciberia, Lusa // ZAP