Mais de 3 vezes que o conhecido: paciente ‘emitiu’ coronavírus 70 dias após 1º teste

Guillaume Horcajuelo / EPA

Foi descoberto que uma mulher com 71 anos “derramava” partículas do SARS-CoV-2, encontrando, entre outras coisas, que o vírus realizava mutação dependendo do período.

Foi encontrado um caso em que uma mulher com COVID-19, mesmo sem mostrar sintomas da doença, continuou emitindo partículas infecciosas do SARS-CoV-2 durante mais de dois meses, diz um estudo publicado na revista científica Cell.

A portadora, de 71 anos, expeliu a matéria do vírus por 70 dias após o primeiro teste positivo, um período muito mais longo que o máximo de 20 dias relatado até agora em pacientes hospitalizados com COVID-19, superior ainda aos 63 dias conhecidos em pessoas a partir do momento em que seus sintomas aparecem pela primeira vez.

“Embora seja difícil extrapolar a partir de um único paciente, nossos dados sugerem que a disseminação a longo prazo do vírus infeccioso pode ser uma preocupação em certos pacientes imunocomprometidos”, escreveu a equipe de pesquisa sobre o caso, citada pelo portal EurekAlert.

A paciente testou positivo para o novo coronavírus em 2 de março de 2020, e já sofria de leucemia linfocítica crônica, um câncer de células brancas do sangue que afeta mais comumente os adultos mais velhos e progride lentamente. Após receber plasma de pessoas recuperadas da doença, ela se recuperou.

Os médicos acreditam que a idosa contraiu o novo coronavírus em fevereiro, e encontraram seu material genético até 15 de junho. Importantemente, o vírus foi revelado como “vivo”, pois foi capaz de se replicar em células cultivadas em laboratório.

“Isto indica que, muito provavelmente, o vírus infeccioso derramado pelo paciente ainda seria capaz de estabelecer uma infecção produtiva nos contatos após a transmissão”, apontaram os pesquisadores.

Os cientistas aproveitaram a oportunidade para estudar a evolução viral, sobressaindo o fato de diferentes variantes virais se tornarem mais dominantes em certos momentos, mas sem nenhuma permanecer por muito tempo.

Este se trata do “caso mais longo de alguém estar ativamente infectado pelo SARS-CoV-2 enquanto permanece assintomático”, e tem semelhanças com a gripe e o MERS, que também é um coronavírus, segundo diz Vincent Munster, virologista do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas (NIAID, na sigla em inglês).

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