O Brasil é o país que mais mata travestis e transexuais no mundo inteiro. Segundo um levantamento do Grupo Gay da Bahia (GGB), só em 2016 foram computadas 347 mortes de cidadãos brasileiros transgêneros. Um recorde em comparação com os anos anteriores. Esse número preocupa bastante o sapateiro Arlindo Dias, pais de Jéssyca, uma mulher trans.
A ponto dele acompanhar a filha na balada para que ela não corra o risco de não voltar para casa. A família vive em Jundiaí, no interior de São Paulo.
Jéssyca é a primeira transexual de sua cidade a conquistar o direito de usar o nome social nos documentos pessoais, mesmo sem ter feito a cirurgia de redesignação sexual, ou cirurgia de mudança de sexo. O apoio da família foi fundamental para essa conquista.
O pai de Jessyca começou a acompanhá-la nos bares e baladas depois que a filha sofreu agressões. “Uma vez fui agredida, puxaram meu cabelo e eu levei uma rasteira. Só não apanhei mais porque tinha gente por perto e eles me protegeram. Depois disso meu pai ficou medo e passou a me acompanhar em alguns lugares”, disse ela em entrevista ao G1.
Arlindo conta que, no início, não entedia muito bem o desconforto da filha, de não se sentir legal no corpo de homem, mas aceitou sua escolha – não passou pela cabeça dele, em momento nenhum, se afastar de Jéssyca, mandá-la embora de casa, ou coisas do tipo.
“Até então eu não sabia o que era trans e o que era travesti. No começo eu pensei que ela era uma travesti, e depois que eu entendi psicologicamente que ele era uma mulher”, lembra.
O sapateiro também afirmou que não dá mais importância para os olhares e piadas maldosos que a filha recebe. Ele prefere brincar com a situação, ao invés de dar ouvidos para os comentários alheios. A felicidade de Jéssyca é o que de fato importa, sua única preocupação.
“O amor por ela é muito grande, não tem nem como explicar”, conclui.