O pai do primeiro-ministro britânico Boris Johnson disse nessa quinta-feira (31) que deseja pedir a nacionalidade francesa. A declaração foi feita na véspera da saída definitiva do Reino Unido do mercado comum e da união aduaneira da União Europeia (UE), etapa principal do Brexit.
Com a saída do Reino Unido da União Europeia, muitos europeus que vivem nas terras da rainha correram para pedir um passaporte britânico. Da mesma forma, alguns súditos de Elizabeth II que moram no bloco europeu ou que têm alguma ligação familiar com os 27 países da UE entraram com o mesmo processo para tornar suas vidas mais fáceis do ponto de vista administrativo. E isso inclui, ironicamente, a família de Boris Johnson, premiê que concretizou o Brexit.
Stanley Johnson, que tem ascendência francesa, disse que sua decisão tem como objetivo “manter um elo” com a União Europeia. “Se entendo bem, eu sou francês. Minha mãe nasceu na França, a mãe dela era francesa e o avô dela também”, disse o pai do premiê durante uma entrevista, em francês, à emissora de rádio RTL. “Para mim, trata-se de pedir algo que já tenho, e estou muito contente”, completou, aos risos, ao explicar o projeto de pedir um passaporte francês.
Stanley Johnson foi um dos primeiros funcionários britânicos em Bruxelas, como membro do Parlamento Europeu e da Comissão Europeia. Contrário ao Brexit no início do processo, ele mudou de opinião em 2017 e passou a apoiar o divórcio.
“Eu serei sempre europeu, isso é uma certeza. Não se pode simplesmente dizer aos ingleses: vocês não são europeus! A Europa sempre foi muito mais do que o mercado comum, muito mais que a União Europeia”, insistiu o pai do premiê britânico. “Apesar disso, é importante manter um elo com a União Europeia”, ponderou, em alusão ao pedido da nacionalidade francesa.
Stanley Johnson não é o único membro da família a tentar manter um acesso facilitado no bloco europeu. Sua filha, Rachel, já havia dito que iria pedir a nacionalidade francesa quando o Reino Unido saísse da UE.
Após meio século de integração europeia e quatro anos e meio de uma verdadeira novela plena de reviravoltas, o Reino Unido viveu nessa quinta-feira suas últimas horas seguindo o ritmo das regras europeias. Mesmo se o divórcio já foi oficializado em 31 de janeiro, o país beneficiou de um período de transição. Mas a partir de meia-noite do 1° de janeiro pelo horário de Bruxelas, o Brexit se tornou uma realidade.
// RFI