Um estudo dos Laboratórios Abbott e da Universidade do Missouri (EUA) detectou a primeira nova cepa de HIV em 19 anos, desde que as diretrizes para classificação de subtipos foram estabelecidas em 2000.
A cepa faz parte do Grupo M, a mesma família de subtipos do vírus responsável pela pandemia global do HIV. Para poder declarar a existência de uma nova cepa, os cientistas precisam identificar três casos dela de forma independente.
Os dois primeiros ocorreram na República Democrática do Congo em 1983 e 1990 – o tipo identificado não parecia ser igual a nenhum outro conhecido. Mais tarde, em 2001, uma terceira amostra foi coletada também no Congo como parte de um estudo para prevenir a transmissão de HIV de mãe para filho.
Na época, não havia tecnologia suficiente para definir oficialmente que se tratava de uma nova cepa, de forma que os cientistas dos Laboratórios Abbott e da Universidade do Missouri resolveram desenvolver técnicas para poder fazer isso agora, o que não foi nada fácil. Depois de sequenciar completamente a amostra de 2001, eles foram capazes de determinar que tratava-se, de fato, do subtipo L do Grupo M.
Capacidade de mutação e diagnóstico
Como outros vírus, o HIV tem diversos subtipos ou cepas diferentes, um resultado da sua capacidade de mutar ao longo do tempo.
É muito importante acompanhar e saber quantas cepas do vírus existem, para garantir que os testes de diagnóstico da doença sejam eficazes.
Os Laboratórios Abbott testam mais de 60% do suprimento de sangue do mundo a fim de rastrear as cepas do vírus em circulação e melhorar os testes de detecção do HIV. Além disso, a identificação de novas cepas é particularmente interessante para criar um mapa mais completo de como o vírus evolui.
Não está claro se essa variante do vírus pode afetar o corpo de maneira diferente.
De acordo com o Dr. Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA, não há razão para medo, no entanto: os tratamentos atuais contra o HIV provavelmente são eficazes contra essa cepa, como são para diversas outras.
“Não há motivo para entrar em pânico ou mesmo se preocupar um pouco. Poucas pessoas estão infectadas com isso. É um ponto fora da curva”, afirmou.
“Essa descoberta nos lembra que, para encerrar a pandemia do HIV, devemos continuar acompanhando esse vírus em constante mudança e usar os últimos avanços em tecnologia e recursos para monitorar sua evolução”, disse outra autora do estudo, Dra. Carole McArthur, professora da Universidade de Missouri, em um comunicado.
Um artigo sobre a pesquisa foi publicado na revista Journal of Acquired Immune Deficiency.
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