Um estudo recente examinou de que forma a poeira lunar pode ser prejudicial a nível celular e os resultados são tão sinistros quanto o lado escuro da Lua.
Embora digam que no espaço não se espirra, o astronauta Harrison Schmitt espirrou bastante dentro do módulo lunar Challenger, quando visitou a Lua em 1972.
Após uma caminhada lunar, Schmitt respirou acidentalmente um pouco de pó que tinham recolhido da superfície da Lua. Durante um dia inteiro, Schmitt sofreu com o que descreveu como “febre do pó lunar”. Seus olhos lacrimejaram muito, sua garganta ficou irritada e o astronauta começou a espirrar.
Não, Schmitt não era alérgico à Lua. Os cientistas da NASA explicam agora que a poeira lunar, especialmente as menores e mais afiadas partículas, representam claros riscos para a saúde dos astronautas.
Em vários testes de laboratório, uma única colher de pó (réplica da Lua) mostrou-se altamente tóxica, capaz de matar 90% células do pulmão e do cérebro. O estudo foi publicado na edição de abril da GeoHealth.
A poeira lunar se comporta de maneira um pouco diferente da poeira da Terra. Como não existe vento na Lua, os grãos de poeira – que são, em grande parte, resultado de impactos de micrometeoritos – permanecem afiados e podem facilmente cortar as células pulmonares de um astronauta se ele respirá-los profundamente.
Além disso, o pó da Lua pode flutuar. Sem atmosfera para proteger a Lua do bombardeio constante de ventos solares e das partículas que carregam, o solo lunar pode se tornar eletrostaticamente carregado, semelhante a roupas com aderência estática.
“Essa carga pode ser tão forte que as partículas do solo levitam acima da superfície lunar”, escreveram os autores do novo estudo.
Além de poder entupir equipamentos sensíveis, as partículas podem causar estragos no corpo humano se foram ingeridas ou inaladas acidentalmente pelos astronautas – como Harrison Schmitt acabou descobrindo.
Fazer pó lunar na Terra
No mais recente estudo, a equipe de cientistas da Universidade Stony Brook, em Nova York, quis descobrir o quão perigosa poderia ser a poeira lunar.
Para isso, e como o solo lunar é difícil de encontrar na Terra, a equipe usou cinco simuladores de origem terrestre para representar a poeira encontrada em várias partes do solo lunar. Os simuladores incluíam cinzas vulcânicas do Arizona, pó retirado de um fluxo de lava do Colorado e um pó feito em laboratório.
Ao misturar as amostras de solo com células pulmonares humanas e células cerebrais de ratinhos de laboratório, a equipe avaliou os efeitos da poeira lunar. Além disso, os cientistas dividiram as amostras em três graus diferentes de granulação, sendo que a mais fina era menor que a largura de um fio de cabelo humano.
Cerca de 24 horas depois, os cientistas descobriram que cada um dos tipos de solo prejudicou as células pulmonares e cerebrais. As amostras dos grãos mais finos mostraram-se mais letais, matando até 90% das células.
Foi verificado ainda danos no DNA que podem levar ao desenvolvimento de câncer ou doenças neurodegenerativas.
Ciberia // ZAP