No mês passado, foi encontrado um potro mumificado com cerca de 40 mil anos na gigante cratera de Batagaika, na Sibéria, também conhecida como o “Portão do Inferno”. Cientistas russos e sul-coreanos consideram agora clonar o animal.
A equipe de cientistas tem esperança que o espécime encontrado possa fornecer material genético para clonara espécie extinta da Idade do Gelo.
De acordo com o diretor do museu laboratório de mamutes da Universidade Federal do Nordeste (SVFU), na Rússia, Sergei Semenov, o achado único foi encontrado por uma equipe internacional de cientistas na república de Yakutia durante uma expedição da SVFU e da Universidade Kindai, no Japão.
Durante esta semana, os especialistas russos anunciaram que planejam cooperar com a fundação Sooam Biotech Research – líder no campo de clonagem de animais – para criar clones do potro encontrado, bem como de outros animais extintos.
“Se no corpo [do potro] for encontrada uma célula viva, esperamos que, com ajuda da grande experiência dos colegas sul-coreanos, consigamos obter um clone do cavalo antigo”, disse Grigoriev, um dos pesquisadores.
De acordo com o Siberian Times, um dos cientistas envolvidos na análise do potro mumificado é Woo-Suk Hwang, um pesquisador de células-tronco e pioneiro da clonagem da Coreia do Sul.
Hwang, antigo professor da Universidade Nacional de Seul, na Coreia do Sul, foi criticado em 2006 por falsificar dados e, três anos mais tarde, for condenado a dois anos de prisão por violação de condutas bioética e desvio de verbas, de acordo com a Nature.
Atualmente, o pioneiro da clonagem dirige a Sooam Biotech Research Foundation, que estuda e realiza procedimentos de clonagem animal, principalmente de cães.
Grigoriev destacou que o animal foi encontrado em condições de preservações quase perfeitas, o que aumenta as possibilidade de obter boas amostras a partir dos seus tecidos. Segundo o cientista, o potro teria morrido entre 30 a 40 mil anos, durante o Paleolítico Superior, e teria morrido 20 dias depois de ter nascido.
Possibilidades “astronômicas”
No entanto, vários cientistas que não estão envolvidos na análise do potro têm algumas dúvidas sobre se seria efetivamente possível clonar com sucesso o animal.
Especialistas ouvidos pelo Live Science se mantém céticos quanto à possibilidade de os cientistas encontrarem DNA viável no corpo em primeiro lugar, sem mencionar o enorme desafio de clonar uma espécie extinta há milênios.
A clonagem só é possível quando o DNA original do animal está intacto e, a maioria – se não todo o material genético –, obtido a partir de amostras de gelo costuma estar tipicamente degradado “em dezenas de milhões de pedaços”, afirmou Love Dalén, professor de genética evolucionária do Museu de História Natural da Suécia, em Estocolmo.
“Muitos destes desafios serão também enfrentados quando os cientistas tentarem clonar mamutes”, considerou Beth Shapiro professora de Ecologia e Biologia na Universidade da Califórnia, em Santa Cruz, nos Estados Unidos.
“Se for possível recuperar DNA suficiente dos restos mortais do potro, os cientistas podem ser capazes de construir uma sequência do genoma, comparando o DNA do potro extinto com os genomas de espécies vivas”, acrescentou Shapiro.
Contudo, a possibilidade de encontrar um genoma intacto ou até mesmo uma célula viva é “astronômica”, disse Vicent Lynch, professor assistente do Departamento de Genética Humana da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos.
“Os cientistas raramente dizem que algo é impossível, mas certamente está próximo disso”, concluiu Lynch.