Sob Witzel, mortes em ações policiais em julho registram maior número para um mês desde 1998. Desde janeiro, 1.075 pessoas já morreram em intervenções policiais. Secretário diz que “tendência é de subida até dezembro”.
Dados divulgados nesta quarta-feira (21/08) pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) revelam que o número de mortes oficiais decorrentes de intervenções de agentes do Estado no Rio de Janeiro aumentou exponencialmente, chegando a 194 casos no mês de julho.
Os números do ISP, uma autarquia ligada ao governo estadual, são os maiores registrados para um mês desde o início do levantamento, em 1998, e representam um aumento de 49% em relação a julho do ano passado. Em comparação ao mês de junho deste ano, o aumento foi de 29%. Anteriormente, o maior número de mortes em um mês foi registrado em agosto de 2018, com 176 óbitos.
Segundo a avaliação do ISP, os dados revelam uma média de cinco pessoas mortas por dia pela polícia do Estado desde o início do ano. No acumulado de janeiro a julho, são 1.075 casos – cerca de 20% a mais do que no mesmo período do ano passado.
Em todo o Estado do Rio, agentes foram responsáveis em julho por 37,4% dos casos de letalidade violenta – que engloba homicídios dolosos, roubos seguidos de morte, lesões corporais seguidas de morte e mortos em ações policiais.
No acumulado do ano, policiais foram responsáveis por 30,14% de todas as mortes violentas no Estado. Com as 1.075 mortes registradas nos sete meses de 2019, agentes do Rio já superaram a marca de outros 15 anos contabilizados pelo ISP desde 1998, que consideraram períodos de 12 meses. No ano em que o levantamento teve início, 397 pessoas morreram em ações policiais no Rio ao longo de 12 meses.
Em julho de 2019, a região metropolitana do Rio – que engloba a capital e 16 munícipios do entorno – teve o maior número de mortes por agentes do Estado, com 178 ocorrências, o que corresponde a 49,5% dos casos de letalidade violenta registrados na área.
A maioria dessas mortes ocorreu na região metropolitana e em bairros suburbanos. O mais violento, com 20 mortes no mês de julho, foi o município de São Gonçalo.
O secretário estadual da Polícia Civil no Rio de Janeiro, delegado Marcus Vinícius Braga, declarou em entrevista ao jornal Bom Dia Rio, da rede Globo, que o número de pessoas mortas por polícias deve aumentar até ao final do ano.
“A tendência é de subida até dezembro, porque as ações estão sendo feitas. Conforme formos trabalhando as investigações, a inteligência, a integração com a Polícia Militar, a tendência é diminuir. É um número alto, não é o número que desejamos“, afirmou o secretário.
Desde que assumiu o cargo em janeiro, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel , adotou uma forte retórica de combate ao crime, alinhado com as políticas de segurança do presidente Jair Bolsonaro. Após a morte de um sequestrador de um ônibus com 37 passageiros nesta terça-feira por atiradores de elite da polícia, Witzel foi criticado por exagerar na comemoração do ocorrido.
Desde o início de seu governo, o número de pessoas mortas pela polícia no Rio aumentou significativamente. Nos primeiros cinco meses, 731 pessoas morreram em operações policiais, o que corresponde a um aumento de 19,1% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo estatísticas oficiais.
Por outro lado, os índices de homicídios dolosos – com intenção de matar – para o mês de julho foram os mais baixos desde 2005. No total, segundo o ISP, foram 309 mortes, percentual 25% menor do que o registrado no mesmo mês do ano anterior.
De janeiro a julho foram registradas 2.392 mortes, o menor valor para esse período desde 1991. Em relação ao ano passado, a queda foi de 23%, o que corresponde a 709 mortes a menos em comparação com o mesmo período de 2018. Segundo ISP, morreram 12 policiais em serviço entre janeiro e julho – contra 22 no mesmo período do ano passado. Quatro desses policiais morreram em julho.
No mês passado, os roubos de veículos diminuíram 9% e os assaltos nas ruas tiveram redução de 8%, em comparação a julho de 2018.
// DW