Uma equipe de cientistas concluiu que uma proteína que se acumula nas células do cérebro de doentes com Parkinson pode ativar as células do sistema imunitário envolvidas em doenças autoimunes, foi divulgado esta quarta-feira (21).
Os cientistas não conseguiram, contudo, entender qual a relação da possível resposta imunológica com a doença neurodegenerativa de Parkinson: se está na origem da patologia ou se contribui para a morte das células cerebrais (neurônios) e o agravamento dos sintomas da doença.
A pesquisa, citada em comunicado pela universidade norte-americana de Columbia, que nela participa, foi publicada na revista científica Nature.
De acordo com o estudo, dois fragmentos de alfa-sinucleína, uma proteína que se acumula nos neurônios de doentes de Parkinson, “podem ativar as células T [linfócitos] envolvidas em ataques autoimunes”. Neste caso, estas células atacam o organismo em vez de protegê-lo de agentes agressores.
Um dos coordenadores do trabalho, Alessandro Sette, professor no Instituto de Alergia e Imunologia de La Jolla, nos Estados Unidos, ressalva, no entanto, que “resta saber se a resposta imunológica à alfa-sinucleína é a causa inicial da doença de Parkinson ou se contribui para a morte neuronal e o agravamento dos sintomas”.
Para os cientistas, a identificação desta resposta imunológica “aumenta a possibilidade de a morte dos neurônios” em doentes de Parkinson, que “pode ser evitada por tratamentos que refreiem essa resposta imunológica”.
A equipe de cientistas expôs amostras de sangue de 67 doentes de Parkinson e de 36 pessoas com a mesma idade dos doentes, mas saudáveis, a fragmentos de alfa-sinucleína e de outras proteínas detetáveis nos neurônios.
Posteriormente, analisou as amostras para determinar que proteína desencadeava a ativação das células T e observou pouca atividade das células imunológicas no grupo de pessoas saudáveis, ao contrário da verificada nos doentes de Parkinson.
Em particular, a resposta imunológica nos doentes de Parkinson pode estar associada a variante de um gene.
O estudo levanta a hipótese de a autoimunidade surgir na doença de Parkinson – caracterizada por tremores e descoordenação de movimentos – quando os neurônios já não são capazes de se livrar da acumulação da proteína alfa-sinucleína.
// ZAP