Reino Unido vai testar uso combinado de vacinas

Governo britânico quer investigar possibilidade de aplicar um imunizante contra a covid-19 na primeira dose e outro na segunda. Testes com camundongos mostraram que mistura pode funcionar.

O governo do Reino Unido anunciou nesta quinta-feira (04/01) que vai financiar um estudo para avaliar a possibilidade de misturar vacinas contra covid-19, ou seja, aplicar uma vacina na primeira dose e uma segunda vacina na dose seguinte.

O objetivo é testar a eficácia e a segurança desse procedimento, usando várias combinações entre as vacinas da Pfizer-Biontech e da AstraZeneca-Oxford entre a primeira e a segunda dose, alternando também intervalos de 4 e 12 semanas entre as doses, explicou o Ministério da Saúde.

Os testes clínicos vão começar já nesta quinta-feira e envolver mais de 800 voluntários com mais de 50 anos. Eles estão previstos para durar 13 meses e devem verificar se a resposta imunitária é maior ou menor do que o método recomendado pelas farmacêuticas.

O estudo, ao custo de 7 milhões de libras, vai ser conduzido pelo Consórcio Nacional de Avaliação do Calendário de Imunização (NISEC) em oito hospitais com o apoio do Instituto Nacional de Investigação em Saúde (NIHR).

“Devido aos desafios inevitáveis de imunizar um grande número da população contra a covid-19 e as potenciais restrições da oferta mundial, há vantagens em ter dados que poderiam apoiar um programa de imunização mais flexível, se isso for necessário e se for aprovado pelo regulador de medicamentos”, justificou o diretor-geral adjunto de Saúde do Reino Unido, Jonathan Van-Tam.

No início de janeiro, as autoridades de saúde britânicas desaconselharam a mistura de vacinas de fornecedores diferentes devido à falta de dados sobre as consequências, mas não excluíram mudar as recomendações no futuro.

Porém, o Reino Unido já permite o uso de duas vacinas diferentes na primeira e na segunda dose se não estiver mais claro qual foi usada na primeira ou se a usada na primeira dose não estiver mais disponível quando da aplicação da segunda dose.

Tecnologias diferentes

As vacinas da Pfizer e da AstraZeneca usam tecnologias diferentes. A primeira é uma vacina de RNA mensageiro (mRNA), e a segunda, de vetor adenoviral. Por isso, alguns cientistas expressaram ceticismo. “É realmente difícil de saber se isso vai funcionar”, comentou o professor de tecnologia biomédica Alexander Edwards, da Universidade de Reading.

Mas os cientistas da Universidade de Oxford disseram haver evidências em camundongos de que o uso combinado de vacinas de tecnologia de mRNA e de vetor adenoviral produz uma melhor resposta imunológica do corpo.

O anúncio deste novo estudo foi feito um dia após terem sido publicados os resultados de um outro estudo, feito pela Universidade de Oxford, que concluiu que a vacina desenvolvida em conjunto com a farmacêutica AstraZeneca reduz a transmissão do vírus em 67% já após a primeira dose.

Epidemia no Reino Unido

O Reino Unido ultrapassou na quarta-feira a marca de 10 milhões de pessoas vacinadas, mostrando estar em vias de cumprir o objetivo de vacinar cerca de 15 milhões de pessoas dos primeiros quatro grupos prioritários até 15 de fevereiro. Cerca de 500 mil já receberam a segunda dose.

O Reino Unido é um dos países mais afetados pela pandemia de covid-19, com mais de 109 mil mortes, o maior número na Europa e o quinto maior do mundo.

// DW

COMPARTILHAR

DEIXE UM COMENTÁRIO:

Como é feito o café descafeinado? A bebida é realmente livre de cafeína?

O café é uma das bebidas mais populares do mundo, e seus altos níveis de cafeína estão entre os principais motivos. É um estimulante natural e muito popular que dá energia. No entanto, algumas pessoas preferem …

“Carros elétricos não são a solução para a transição energética”, diz pesquisador

Peter Norton, autor do livro “Autonorama”, questiona marketing das montadoras e a idealização da tecnologia. Em viagem ao Brasil para o lançamento de seu livro “Autonorama: uma história sobre carros inteligentes, ilusões tecnológicas e outras trapaças …

Método baseado em imagens de satélite se mostra eficaz no mapeamento de áreas agrícolas

Modelo criado no Inpe usa dados da missão Sentinel-2 – par de satélites lançado pela Agência Espacial Europeia para o monitoramento da vegetação, solos e áreas costeiras. Resultados da pesquisa podem subsidiar políticas agroambientais Usadas frequentemente …

Como o Brasil ajudou a criar o Estado de Israel

Ao presidir sessão da Assembleia Geral da ONU que culminou no acordo pela partilha da Palestina em dois Estados, Oswaldo Aranha precisou usar experiência política para aprovar resolução. O Brasil teve um importante papel no episódio …

O que são os 'círculos de fadas', formações em zonas áridas que ainda intrigam cientistas

Os membros da tribo himba, da Namíbia, contam há várias gerações que a forte respiração de um dragão deixou marcas sobre a terra. São marcas semicirculares, onde a vegetação nunca mais cresceu. Ficou apenas a terra …

Mosquitos modificados podem reduzir casos de dengue

Mosquitos infectados com a bactéria Wolbachia podem estar associados a uma queda de 97% nas infecções de dengue em três cidade do vale de Aburra, na Colômbia, segundo o resultado de um estudo realizado pelo …

Chile, passado e presente, ainda deve às vítimas de violações de direitos humanos

50 anos após a ditadura chilena, ainda há questões de direitos humanos pendentes. No último 11 de setembro, durante a véspera do 50° aniversário do golpe de estado contra o presidente socialista Salvador Allende, milhares de …

Astrônomos da NASA revelam caraterísticas curiosas de sistema de exoplanetas

Os dados da missão do telescópio espacial Kepler continuam desvendando mistérios espaciais, com sete exoplanetas de um sistema estelar tendo órbitas diferentes dos que giram em torno do Sol. Cientistas identificaram sete planetas, todos eles suportando …

Em tempos de guerra, como lidar com o luto coletivo

As dores das guerras e de tantas tragédias chegam pelas TV, pelas janelinhas dos celulares, pela conversa do grupo, pelos gritos ou pelo silêncio diante do que é difícil assimilar e traduzir. Complicado de falar …

Pesquisa do Google pode resolver problemas complexos de matemática

O Google anunciou uma série de novidades para melhorar o uso educativo da busca por estudantes e professores. A ferramenta de pesquisa agora tem recursos nativos para resolver problemas mais complexos de matemática e física, inclusive …