Os Estados Unidos e aliados do país apelaram para que cidadãos saiam do aeroporto de Cabul devido a ameaças de ataque do grupo terrorista “Estado Islâmico” (EI), enquanto milhares de pessoas continuam chegando ao aeroporto para tentar fugir do país.
Avisos quase idênticos foram emitidos por Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Austrália e Nova Zelândia na noite desta quarta-feira (25/08) sobre “ameaças de segurança”. Serviços de inteligência estão preocupados com o risco de atentados com homens-bomba do EI.
As pessoas que se encontram no aeroporto sobretudo “nas entradas leste e norte devem sair imediatamente”, disse o Departamento de Estado dos EUA, citando “ameaças à segurança”. A embaixada americana em Cabul pediu para que os cidadãos não viajem até o aeroporto e aconselhou os que ainda estão nos portões do aeroporto a deixarem o local imediatamente.
“Ataque dentro de horas”
O ministro das Forças Armadas do Reino Unido, James Heappey, afirmou nesta quinta-feira que informações de inteligência sobre um possível ataque suicida pelos militantes do EI se tornaram “muito mais firmes” e ressaltou que há “relatórios muito, muito críveis sobre um ataque iminente” no aeroporto, possivelmente “dentro de horas”.
“Eu não posso enfatizar o suficiente o desespero da situação. A ameaça é crível, é iminente, é letal”, disse Heappey em entrevista à rádio britânica BBC.
A diplomacia australiana alertou para uma “ameaça muito elevada de ataque terrorista”, enquanto Londres emitiu um aviso semelhante. “Se estiver na área do aeroporto, deixe-o para ir a um lugar seguro e aguarde instruções adicionais. Se for capaz de sair do Afeganistão em segurança por outros meios, faça-o imediatamente“, indicou o governo britânico.
Os Estados Unidos também afirmaram que há 1.500 americanos ainda aguardando para sair do Afeganistão, e que seria possível retirá-los do país até a próxima terça-feira, data agendada para o fim das operações no país. Mas milhares de afegãos que trabalharam para os países ocidentais durante os 20 anos da ocupação podem ficar sem uma rota de fuga.
Garantias do Talibã
Os alertas foram divulgados depois de o secretário de Estado americano, Antony Blinken, ter dito que os rebeldes talibãs tinham se comprometido a permitir a saída de cidadãos dos Estados Unidos e afegãos em risco no país após 31 de agosto.
“Os talibãs comprometeram-se publicamente e em privado a proporcionar e permitir a passagem segura de americanos, outros estrangeiros e afegãos em situação de risco no futuro, após 31 de agosto”, afirmou Blinken, sem especificar como serão organizadas essas saídas, já que as forças americanas deverão deixar o país até ao final do mês, prazo confirmado na terça-feira pelo presidente dos EUA, Joe Biden.
Também a Alemanha disse na quarta-feira ter recebido garantias dos talibãs de que os afegãos poderiam deixar o país em voos comerciais, após a retirada final das tropas americanas.
O chefe adjunto do gabinete político dos talibãs no Catar, Sher Abbas Stanekzai, “garantiu que os afegãos com documentos válidos continuarão a poder viajar em voos comerciais após 31 de agosto”, escreveu, na rede social Twitter, Markus Potzel, um diplomata alemão que está negociando com os fundamentalistas islâmicos afegãos, ao final de uma reunião.
A Bélgica anunciou que a retirada de cidadãos e afegãos, sob proteção belga, terminou na quarta-feira à noite, e a França avisou que o transporte aéreo vai terminar na noite desta quinta.
Na terça-feira, numa cúpula virtual com outros líderes do G7, Biden descartou a ampliação da presença militar americana em Cabul além de 31 de agosto, citando um “sério e crescente risco de ataque” do grupo extremista “Estado Islâmico” (EI) ao aeroporto.
Nos 11 dias desde que o Talibã invadiu Cabul, os Estados Unidos e seus aliados montaram uma das maiores operações aéreas de resgate na história, transportando mais de 88 mil pessoas para fora do Afeganistão, incluindo 19 mil na terça-feira. Os militares dos EUA dizem que os aviões estão decolando, em média, a cada 39 minutos.
Segundo o governo americano, pelo menos 4.500 cidadãos americanos e suas famílias foram retirados do Afeganistão desde meados de agosto.