Com o propósito de ajudar seus usuários a não serem vítimas da desinformação sobre a pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2), o Twitter investiu em mecanismos com base na inteligência artificial para rotular postagens falsas e duvidosas sobre a doença.
O problema é que o sistema começou a apresentar falhas e a indicar postagens que não estavam equivocadas ou mentirosas, além de deixar algumas “fake news” passarem.
A suspeita dos erros começou no dia 11 de maio, quando o Twitter começou a rotular tuítes que espalham uma teoria da conspiração sobre o 5G causando o coronavírus. As autoridades acreditam que a teoria falsa levou algumas pessoas a incendiarem torres de celular, o que obrigou a empresa a apagar todas as postagens relativas a isso.
Depois desse dia, os usuários começaram a notar que o sistema de identificação da rede social começou a rotular matérias que não continham informações falsas sobre a COVID-19, incluindo links de sites como Reuters, BBC, Wired e Voice of America, que faziam justamente o oposto e denunciavam as tais publicações conspiratórias sobre o 5G, escancarando a falha da ferramenta do Twitter.
Especialistas dizem que os tuítes com tags incorretas podem confundir os usuários, principalmente se eles não clicarem no selo que rotula assuntos relacionados à COVID-19. Como o Twitter não notifica os usuários quando suas publicações são rotuladas, eles provavelmente não saberão que elas foram sinalizadas. O Twitter também não oferece aos usuários uma maneira de recorrer da avaliação de suas postagens.
O Twitter se recusou a dizer quantos tuítes de coronavírus e 5G foram rotulados e a fornecer uma taxa de erro estimada. A empresa, porém, disse que sua equipe de checagem está acompanhando as postagens relacionadas ao novo coronavírus.
“Estamos construindo e testando novas ferramentas para podermos dimensionar adequadamente a aplicação desses rótulos. Por esse motivo, estamos adotando uma abordagem iterativa, para que possamos aprender e fazer ajustes ao longo do caminho. Haverá erros ao longo do caminho, mas agradecemos sua paciência enquanto trabalhamos para corrigir isso”, disse um porta-voz do Twitter, em comunicado.
Facebook tem mais sucesso
Apesar da semelhança, o Facebook adota mais revisores humanos em vez de confiar na inteligência artificial para checar as postagens.
A rede social de Mark Zuckerberg trabalha com mais de 60 verificadores de fatos em todo o mundo, que revisam a precisão das postagens. Se um deles classificar uma postagem como falsa, o Facebook exibirá um aviso e mostrará o conteúdo em uma posição menos privilegiada no feed de notícias de uma pessoa para reduzir sua propagação.
Esse sistema fez com o que o Facebook tivesse mais sucesso ao rotular essas postagens falsas e desinformantes. Em março, a empresa começou a exibir etiquetas de aviso em cerca de 40 milhões de postagens sobre a COVID-19 e, segundo a rede social, em 95% das vezes os usuários não clicavam nessa postagem.
Com 166 milhões de usuários monetizáveis ativos diariamente, o Twitter alega que suas ferramentas automatizadas ajudam os funcionários a revisarem os relatórios com mais eficiência, exibindo os conteúdos mais danosos às pessoas e ajudando esses profissionais a priorizar quais tuítes devem ser revisados primeiro.
Mas, diante dos fatos, essa metodologia tem falhado.
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