Novas pesquisas continuam a produzir descobertas sobre o tema do envelhecimento. Mas como aplicá-las na vida real?
A bióloga molecular Elizabeth Blackburn, que recebeu o Prêmio Nobel da Medicina por sua pesquisa no processo antienvelhecimento, pode nos ajudar.
Confrontada com as dificuldades de expandir seu conhecimento além da academia, Blackburn fez uma parceria com a psicóloga Elissa Epel, e escreveu um livro intitulado “The Telomere Effect“, no qual as autoras apresentam “uma abordagem revolucionária para viver mais jovem, mais saudável, mais tempo“.
O resultado é um roteiro compreensível para o público em geral, prescrevendo fatos científicos como um motivador para mudar hábitos insalubres. A obra foi lançada em 3 de janeiro deste ano, e ainda não tem edição em português.
O livro veicula a mensagem de que as pessoas estão no controle de seu envelhecimento através de hábitos saudáveis.
O foco está nos telômeros, que são as partes finais do DNA. Segundo Blackburn, eles “ouvem seus comportamentos, ouvem o seu estado de espírito”.
Ao ouvir seus comportamentos, seus telômeros irão alongar ou encurtar. Quando eles encurtam, as células são menos propensas a continuar se dividindo, e eventualmente morrem.
Com um estilo de vida estressante, o efeito é maior morte celular e envelhecimento acelerado. Para os susceptíveis de sofrer de doença cardiovascular, telômeros encurtados poderiam aumentar suas chances de uma condição debilitante a uma idade mais jovem.
Há algum tempo que os cientistas estabeleceram uma ligação entre o tamanho dos telômeros e o envelhecimento. O ano passado, um laboratório garantiu ter conseguido reverter o envelhecimento usando terapia genética para prolongar as pontas dos cromossomas – os chamados telómeros – e alterar o processo de envelhecimento
O laboratório afirma que a técnica foi mesmo já aplicada numa pessoa – a própria CEO da empresa, Elizabeth Parrish – e a empresa garante que conseguiu um alongamento dos telómeros das suas células correspondente a um rejuvenescimento de 20 anos.
Dúvidas
O objetivo de Blackburn e Epel é fornecer aos leitores medidas úteis e práticas a serem tomadas para aumentar a expectativa de vida, a saúde geral e diminuir a probabilidade de doenças em uma idade precoce.
Porém, o geneticista e pesquisador antienvelhecimento David Sinclair, da Universidade de Harvard, desconfia dos riscos da simplificação excessiva da ciência dos telômeros.
“Eu acho que é uma coisa muito difícil de provar conclusivamente”, afirmou Sinclair em relação à mudança de estilo de vida. “Saber causa-efeito em seres humanos é impossível, por isso as afirmações são baseadas em associações”.
Judith Campisi, do Instituto Buck para Pesquisa sobre o Envelhecimento, acrescentou que, embora senescência celular possa realmente aumentar o risco de doenças relacionadas com a idade, também pode ser causada por outros fatores.
“Se todo o envelhecimento fosse devido aos telômeros, nós há muito tempo que já teríamos resolvido o problema da longevidade”, Campisi comentou.
Mais pesquisas
A pesquisa antienvelhecimento focada em telômeros é um grande campo. Outros cientistas encararam o desafio de entender o que pode ser ligado ao processo de envelhecimento dentro do corpo humano.
A Dra. Lisa Chakrabarti e seus colegas da Universidade de Nottingham descobriram uma proteína em células humanas que poderia resistir aos efeitos do processo de envelhecimento. Chama-se anidrase carbônica, e é encontrada nas mitocôndrias das células cerebrais.
Eles descobriram que a proteína é vista em maior quantidade no cérebro de meia-idade em comparação com um mais jovem, e querem desenvolver uma droga que visa a anidrase carbônica nos cérebros das pessoas. Seu estudo foi publicado na revista Aging.
Em outro estudo, cientistas do Instituto Salk, na Califórnia, descobriram uma técnica para estimular fatores Yamanaka, que são uma coleção de quatro genes responsáveis pelo desenvolvimento no útero.
Eles esperam criar uma droga que imita a habilidade dos genes de transformar as células adultas em seu estado de células-tronco, o que poderia reduzir potencialmente o risco de doenças relacionadas com a idade.
Ciberia // HypeScience