Pessoas com sobrepeso vivem mais do que pessoas com peso normal

Quando você escuta a palavra “sobrepeso”, com certeza pensa em uma pessoa que não é saudável, não é mesmo?  Isso está prestes a mudar. Ou, pelo menos, é a definição de excesso de peso que terá que ser alterada.

Um novo estudo do Hospital Universitário de Copenhagen publicado na revista JAMA descobriu que pessoas com sobrepeso – conforme definido pelo IMC – vivem mais tempo do que pessoas com peso normal.

No estudo, o excesso de peso foi estritamente definido pelo Índice de Massa Corporal (IMC) de uma pessoa. O IMC é a razão entre o peso de um indivíduo e a sua altura. Esta relação, durante anos, tem sido a métrica para o peso saudável. Mas isso deve acabar em breve.

Børge Nordestgaard, do Hospital Universitário de Copenhagen, na Dinamarca, analisou uma enorme quantidade de dados – registros médicos de 100.000 adultos do país coletados ao longo de quatro décadas – e chegou à conclusão de que um IMC de 27 (um número que está entre 25 e 29,9, intervalo categorizado como “excesso de peso”) é o grupo associado com o menor risco de morte.

O que é saudável?

A categoria “saudável” do IMC varia de 18.5 a 24.9. No entanto, na pesquisa dinamarquesa, algumas pessoas na categoria “obesa” (com IMC de mais de 30) tinham o mesmo risco de morte que aqueles na faixa de peso “normal”.

Além do IMC, foram realizadas análises de hipertensão, diabetes e histórico de doença cardiovascular. O que torna esta pesquisa interessante é o fato de que ela tem o potencial de mudar o status do Índice de Massa Corporal como um bom avaliador de saúde.

Na verdade, o estudo mostra claramente que um indivíduo pode levar uma vida saudável mesmo se o seu IMC não cair na categoria “normal”.

O que há de errado com o IMC

Geralmente, a controvérsia sobre as diferentes associações observadas entre o IMC e a mortalidade tem sido atribuída à forma como os estudos lidam com a confusão por idade, sexo, tabagismo e doença basal.

Uma possível explicação para a tendência vista neste estudo pode ser que, embora o tratamento melhorado para fatores de risco cardiovascular ou complicação de doenças tenha reduzido a mortalidade em todas as classes de peso, os efeitos podem ter sido maiores em níveis mais elevados de IMC do que em níveis mais baixos de IMC.

Apesar disso, já faz tempo que o IMC está ficando para trás quando se trata de concluir algo sobre a saúde das pessoas. Ele pode continuar tendo importância no que se refere ao padrão de beleza buscado pelas pessoas hoje em dia – a magreza -, mas os pesquisadores cada vez menos aprovam seu uso para definir o que seja um peso saudável.

O principal problema é sua “simplicidade”: ele é baseado apenas no peso e na altura, e não leva em consideração outras taxas relevantes, como a gordura corporal, por exemplo.

Além disso, no caso de algumas doenças, o IMC elevado pode na verdade diminuir a chance de morte por que a gordura extra fornece reservas de energia necessárias ao organismo. Há ainda a situação na qual uma pessoa tem um baixo IMC justamente como resultado de uma doença.

Tudo indica que os cientistas vão ter que quebrar a cabeça para sugerir um novo método de medir o “peso saudável”, de uma forma personalizada e não generalizada.

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