A oposição da Venezuela boicotou um encontro nesta segunda-feira (8) para discutir o plano do presidente Nicolás Maduro de uma nova assembleia popular, promovendo protestos nas ruas, novamente bloqueadas pelas forças de segurança, que usaram gás lacrimogêneo. As informações são da Agência Reuters.
Em cenas familiares em cinco semanas de agitações, jovens com máscaras de gás e escudos improvisados enfrentaram a polícia e tropas da Guarda Nacional em Caracas, após centenas de manifestantes serem impedidos de chegar a órgãos do governo.
Em Maracaibo, segunda maior cidade da Venezuela, cerca de 300 manifestantes que gritava “Fora Maduro!” e “Não à ditadura” foi dispersada com uso de gás lacrimogêneo.
Denunciando Maduro como um autocrata que destruiu a economia do país, a oposição da Venezuela demanda eleições para resolver a grave crise política por qual passa.
Maduro, sucessor de Hugo Chávez, diz que seus adversários tentam um golpe com apoio dos Estados Unidos. Ele está instalando uma Assembleia Constituinte com poder de reescrever a Constituição e reorganizar poderes públicos.
Nenhum representante da coalizão da oposição Unidade Democrática foi ao palácio presidencial Miraflores nesta segunda-feira, apesar de convite do ministro da Educação, Elías Jaua, que está liderando o processo da Assembleia Constituinte.
“É um truque para se manterem no poder. A única maneira de resolver esta crise é um com voto livre”, disse Júlio Borges, líder da Assembleia Nacional.
Militantes do partido de Nicolás Maduro vão receber treino militar
O Partido Socialista Unido da Venezuela, PSUV, no poder, iniciou a preparação dos militantes “para qualquer tipo de cenário”, que inclui treino militar, de defesa e antimotim.
“Para qualquer tipo de cenário vamos integrar 920 batalhões territoriais de milícias, para a defesa”, disse o deputado socialista Pedro Carreño.
Em declarações à televisão estatal venezuelana, o parlamentar do partido no poder explicou que foram criadas 10.166 Unidades de Batalha Bolívar Chávez (UBCH), formadas cada uma por 60 militantes.
Cada UBCH deve captar outros 20 compatriotas para formar um “pelotão” e cada quatro pelotões fazem um batalhão de milícias, acrescentou.
“Entendendo a conjuntura que estamos vivendo e sob a suposição de que esta situação poderá ir ‘crescer’ e gerar uma escala maior de violência, o PSUV tem a altíssima responsabilidade de se incorporar como corpo de combatentes”, salientou.
“Os militantes do PSUV vão aos campos para treinar tiro, combate, infiltração, tiro intuitivo, defesa pessoal e defesa antimotim. Vamos preparar-nos para todo o cenário”, frisou.
Pedro Carreño disse ainda que a revolução bolivariana “não está desarmada” e que quando a Guarda Nacional Bolivariana (polícia militar), a Polícia Nacional Bolivariana e os Serviços Bolivarianos de Inteligência (SEBIN, serviços secretos) atuam, “aí está atuando o povo venezuelano”.
“Eles são o povo em armas, então há uma resposta de parte do povo venezuelano”, frisou.
No dia 17 de abril, o Presidente Nicolás Maduro anunciou ter aprovado um plano para expandir a “milícia bolivariana” a 500 mil operacionais e equipar cada um deles com espingardas.
“Uma espingarda para cada miliciano, estão aprovados os recursos para que haja milicianos nos campos, universidades, na classe operária, para conseguir um sistema organizado de logística, garantir a sua dispersão permanente, a habilidade para manejar o sistema de armas, para defender o bairro, o Estado, as costas, os rios, a selva e as cidades”, disse em Caracas, durante a celebração do 7º aniversário da Milícia Bolivariana.
Há cinco semanas se intensificam, na Venezuela, as marchas a favor e contra o presidente, tendo já provocado pelo menos 37 mortos e mais de 600 feridos.
Ciberia // Agência Brasil / ZAP