Um objeto, encontrado no Peru, prova a existência de pessoas perto das famosas pirâmides no vale do rio Chicama já há 15 milhares de anos e demonstra os ritmos superelevados do desenvolvimento da civilização no Novo Mundo, afirmam os cientistas num artigo publicado na revista Science Advances.
“Conseguimos encontrar no sítio arqueológico de Huaca Prieta muitos artefatos, incluindo restos de comida, utensílios de pedra e outros vestígios da existência de uma cultura humana antiga, tais como cestos e tecidos decorados”, explica James Adovasio, arqueólogo da Universidade Atlântica, na Flórida, nos EUA.
“Todos estes achados colocam uma questão: a que ritmos se desenvolveu a civilização nesta região, e faz com que pensemos no nível de sua evolução e de tecnologias que lhes permitiam extrair recursos do mar e da terra”, acrescenta Adovasio.
A descoberta foi apresentada em um artigo publicado na Science Advances, revista da Associação Americana para o Avanço da Ciência.
Os primeiros seres humanos
Até hoje, os cientistas acreditavam que o Novo Mundo foi a última região da Terra a ser povoada. Os paleontólogos achavam, tomando em consideração os vestígios da presença de pessoas na América, que os antepassados dos índios chegaram à América cerca de 17-15 milhares de anos atrás, migrando da Sibéria para as regiões leste dos EUA através do istmo que existia no lugar do atual estreito de Bering.
Adovasio e seus colegas, no entanto, descobriram um sinal que a América do Sul, ou todo o Novo Mundo, podia ter sido povoado muito mais cedo do que se pressupunha antes.
Os pesquisadores encontraram “montanhas de artefatos” na costa do oceano Pacífico no lugar de Huaca Prieta, no vale de Chicama, onde foram construídas as pirâmides mais antigas do Peru e onde se encontram frequentemente vestígios de povoações de antepassados dos índios, que habitavam esta parte do país cerca de 5-8 milhares de anos atrás, contam os cientistas.
Realizando escavações no lugar, eles descobriram muitos utensílios primitivos e cestos de cana, bem como muita quantidade de tecidos, pedaços de comida e outros vestígios da existência de uma civilização relativamente desenvolvida.
Enigmas antigos do Peru
Os pesquisadores verificaram esta teoria medindo a percentagem de isótopos radioativos da cana e do algodão de que eram feitos os cestos. Os resultados do experimento demonstraram que a idade dos artefatos era superior àquela que haviam esperado ver os cientistas. A maioria dos achados tinha mais de 8 mil anos ou até mais de 15 mil anos.
Uma idade tão antiga dos cestos e tecidos mostra que os cientistas poderão ter subestimado o ritmo do desenvolvimento da civilização no Novo Mundo.
“Os tecidos e cestos tão sofisticados significam que na Huaca Prieta haviam existido métodos comuns ou coletivos de produção, e que estes objetos eram fabricados não apenas para serem usados. Tal como muitos outros artefatos locais, eles provam que no vale havia uma sociedade complexa e que seus membros queriam demonstrar sua posição social”, explicou o cientista.
Mas ainda está por apurar a questão de como é que surgiu esta civilização, pois os autores do artigo frisam que a descoberta deles não é uma prova final de que os antepassados dos peruanos tenham penetrado na América do Sul seguindo o caminho migratório do oceano Pacífico.
As futuras escavações na Huaca Prieta e em outras estações de seres humanos na América ajudarão a entender a verdadeira história de aparecimento dos índios, concluem os pesquisadores.
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