O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, chamou a situação no país de “catástrofe para crianças”. Mais de 2 milhões de menores fugiram de suas casas para fugir dos combates.
Na véspera do sexto aniversário da independência do Sudão do Sul, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, lamentou que as esperanças e sonhos das crianças da jovem nação ainda não tenham se materializado.
A agência chamou a situação no Sudão do Sul de “uma catástrofe para crianças“. Segundo o Unicef, são elas que continuam a suportar o peso do conflito e do colapso de serviços essenciais.
O representante do Unicef no Sudão do Sul, Mahimbo Mdoe, chamou atenção para as “dificuldades impensáveis” enfrentadas pelos menores sul-sudaneses e os obstáculos em áreas como educação, nutrição e saúde.
Mdoe afirmou que mais de 2 milhões de crianças fugiram de suas casas para fugir dos combates. Mais de 2 mil foram mortas ou feridas e muitas outras testemunharam “violência horrível”. No mês passado, o número de menores refugiados chegou a 1 milhão.
Segundo o Unicef, em quase todos os aspectos de suas vidas, as crianças estão tendo sua infância negada no Sudão do Sul.
Cerca de 2,2 milhões não estão na escola. O país tem a maior proporção de menores fora das salas de aula, mais de 70%. Um terço de todas as escolas foram atacadas por grupos armados.
Mais da metade da população sul-sudanesa, ou 6 milhões de pessoas, está em situação de insegurança alimentar. Estimativas são de que 1,1 milhão de crianças estejam intensamente desnutridas, 290 mil delas de forma grave.
A agência também alertou que o quase colapso dos sistemas de água e saneamento no país expôs crianças a vírus mortais como o do sarampo e a doenças como cólera.
O atual surto da doença é o mais longo e difundido na história do Sudão do Sul. Desde o início da epidemia há um ano, mais de 10 mil casos foram registrados, 51% deles em crianças.
Pelo menos 2,5 mil crianças foram mortas ou feridas desde a eclosão do conflito em dezembro de 2013. Mais de 17 mil estão atualmente nas fileiras das forças armadas ou de grupos armados, e o recrutamento continua.
Em meio às circunstâncias extremamente difíceis, neste ano o Unicef e seus parceiros forneceram tratamento a mais de 293 mil crianças com menos de cinco anos para doenças como malária, pneumonia e diarreia e também para mais de 5 mil casos de cólera.
As agências também forneceram água potável a 500 mil pessoas, instalações de saneamento a outras 200 mil e trataram 80 mil crianças com desnutrição grave.
Além disso, o Unicef forneceu acesso à educação a 184 mil menores, reuniu 434 crianças com suas famílias. Menores que haviam sido associados a grupos armados receberam serviços de reintegração.
A agência continua a aumentar sua resposta de emergência para chegar às pessoas que mais precisam e o representante no país reiterou: “atores humanitários precisam de acesso pleno e seguro e crianças do Sudão do Sul precisam de paz”.
// Radio ONU