O ponto mais estranho da lista de recomendações publicadas pelo Gabinete para a Defesa Civil de Guam face à “iminente ameaça com mísseis” da Coreia do Norte, que desaconselha o uso de condicionador no cabelo em caso de ataque nuclear, tem uma explicação simples.
A advertência pode ser lida no site do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, mas voltou a chamar a atenção há uma semana, entre as recomendações publicadas pelo Gabinete para a Defesa Civil de Guam, território norte-americano no Pacífico, depois da ameaça direta da Coreia do Norte.
Se estiver no exterior durante uma explosão nuclear, “lave o cabelo com xampu ou sabonete e água. Não use condicionador porque ele liga o material radioativo ao seu cabelo, impedindo-o de sair com facilidade”.
Na origem da necessidade deste alerta está a própria estrutura do cabelo, composto por várias camadas sobrepostas, como escamas, que os condicionadores “baixam” para proporcionar o efeito amaciante que os caracteriza.
Durante o dia, explica à National Defence Radio Andrew Karam, um especialista em segurança radioativa, as escamas do cabelo podem ficar afastadas, como numa pinha. “As partículas de contaminação radioativa podem se alojar entre as escamas”, disse.
Assim, fica entendido que, em caso de ataque nuclear, o importante é não fechar as escamas do cabelo, mas permitir que a água as enxágue abundantemente. Além disso, o condicionador também deixa no cabelo compostos oleosos que facilitam que as partículas radioativas se agarrem a ele.
Quando há uma explosão nuclear, a bola de fogo incinera tudo o que está no caminho e emite material radioativo que, ajudado pelo vento, pode percorrer distâncias enormes e gerar uma chuva radioativa que pode cair e se fixar na roupa e na pele.
O relatório de 14 páginas publicado pelo gabinete para a Defesa Civil de Guam contém uma série de conselhos à população civil, como a preparação para o abastecimento de material médico de emergência, procura de pontos de proteção e refúgio ou procedimentos sobre como isolar uma habitação em caso de ataque químico.
“Não olhe para a explosão ou para a ‘bola de fogo’ porque pode cegar; mantenha-se atrás de qualquer objeto que possa protegê-lo e procure refúgio o mais rápido possível, mesmo que esteja afastado da zona de impacto, o vento pode propagar a radioatividade”, são algumas das mensagens difundidas à população do território.
As recomendações oficiais aconselham também o armazenamento de comida enlatada, água e utensílios de uso diário.
O regime de Pyongyang tornou público um plano militar que indicava quatro disparos de mísseis de médio alcance, em meados de agosto, e que tinha como alvo as águas territoriais de Guam, mas na terça-feira (15), anunciou que não entraria em ação.
No entanto, na quarta-feira (23), a Coreia do Norte intensificou sua guerra de palavras contra os EUA, tendo divulgado um vídeo propagandístico no qual mostra novamente a ilha de Guam como palco de um ataque com mísseis por parte de Pyongyang.
A ilha do Pacífico Ocidental, situada a 3.400 quilômetros a sudeste da Coreia do Norte, tem o estatuto de território integrado nos Estados Unidos, onde vivem 163 mil habitantes e onde se encontram mais de seis mil militares norte-americanos, concentrados em bases navais e aéreas.
// ZAP