No livro “Fogo e Fúria: Por dentro da Casa Branca de Trump”, Michael Wolff relata confrontos entre Trump e seu círculo mais próximo.
Na próxima terça-feira (9), o livro do jornalista Michael Wolff seria lançado, mas a circulação da obra começa já nesta sexta (5). Nas páginas, o autor faz uma série de revelações e relatos explosivos, que contaram com a ajuda de Steve Bannon, ex-assessor do presidente dos EUA.
O livro, baseado em mais de 200 entrevistas com o presidente, seu círculo mais íntimo e outras pessoas da administração, tem prometido informações que deixam cidadãos de todo o mundo intrigados. Por isso, alguns jornais fizeram compilações de algumas das maiores revelações que a obra contém.
O The Guardian, por exemplo, assegura que Ivanka Trump se prepara para ser presidente dos EUA. A filha e o genro de Donald Trump teriam feito um acordo, segundo o livro, sobre quem concorrerá um dia à presidência dos EUA. “A primeira mulher presidente dos Estados Unidos não poderia ser Hillary Clinton. Tem que ser Ivanka“, assegura o autor.
Depois de deixar a Casa Branca, quem teria também decidido concorrer à presidência dos EUA é Steve Bannon, assegura o livro. “A frase ‘se eu fosse presidente…’, começou a ser trocada por frases começadas por ‘quando eu for presidente…‘”. O autor do livro conta também que Bannon teria cortejado os principais doadores republicanos, “fazendo o que podia para ‘engraxá-los’”.
O livro fala na primeira proibição de entrada de muçulmanos nos EUA, emitida para o caos e protestos nos aeroportos dos EUA, e que causou consternação entre os funcionários da Casa Branca. Bannon afirmou que a proibição foi publicada no final de uma sexta-feira precisamente para irritar e provocar os liberais, “então os flocos de neve apareceriam nos aeroportos e na revolta”.
No livro, o autor conta ainda que o presidente dos EUA conversou com o empresário norte-americano Rupert Murdoch sobre a política de imigração que, supostamente, teria levado o magnata da mídia a rotular Trump de “um grande idiota”.
Filho de Trump se reuniu com os russos
Entre outras coisas, o livro revela que o ex-assessor de Trump, Steve Bannon, considera uma reunião em junho de 2016, entre Donald Trump Jr., Jared Kushner, Paul Manafort e a advogada russa Natalia Veselnitskaya que ofereceram informações incriminadoras sobre Hillary Clinton na Trump Tower, foi “um ato de traição”, antipatia”, e uma “merda“.
Bannon também afirma que Trump sabia da reunião e que chegou a conhecer os russos envolvidos: “A probabilidade de Donald Trump Jr. não ter levado os russos até o escritório do pai no 26º andar é de 0%”.
Perguntado pelo presidente-executivo da Fox News, Roger Ailes, o que Trump tinha “conseguido com os russos”, Bannon respondeu: “Basicamente, ele foi à Rússia pensando que iria encontrar Putin, mas Putin não queria saber dele. Então ele continuou tentando”.
Em conversa com o autor do livro, Bannon avisou que a investigação da suposta interferência russa nas eleições iria culminar com lavagem de dinheiro e previu: “Eles vão esmagar Trump Jr. como um ovo na televisão nacional”.
Trump nunca quis ganhar as eleições
No polêmico livro do jornalista Michael Wolff, o autor conta que nunca ninguém na campanha de Trump esperou ganhar as eleições presidenciais, nem mesmo o próprio Trump.
Na realidade, o agora presidente dos Estados Unidos da América, que sucedeu Barack Obama, via eleições e a campanha pré-eleitoral como uma alavanca para uma carreira política ou na televisão.
Segundo o autor, Melania Trump teria ficado “horrorizada” com a perspectiva da vitória.
Na noite das eleições, quando se tornou claro que Trump podia, de fato, ganhar de Hillary Clinton e se mudar para a Casa Branca, de acordo com o livro, “Melania ficou em lágrimas – e não foi de alegria”. O diretor de comunicação da primeira-dama rejeitou a afirmação e disse que o livro só poderia ser “vendido na seção de ficção científica”.
Apesar disso, ao saber que tinha ganhado, Donald Trump ignorou os medos de toda a sua equipe – e da própria esposa – e ficou radiante. “Isto é maior do que alguma vez sonhei” e “ganhamos completamente” foram as frases mais ouvidas durante aquela noite.
Depois disso, Trump não teria gostado da própria tomada de posse, que tanta polêmica causou. “Estava com raiva”, lê-se no livro.
Trump tenta travar publicação do livro
O presidente dos EUA tentou travar a publicação do livro, que estava prevista para a próxima terça-feira, e acabou por fazer com que a publicação fosse antecipada para esta sexta-feira (5).
“Podem comprá-lo (e lê-lo) amanhã. Obrigado, senhor presidente“, foi assim que a equipe por trás do livro de Michael Wolff respondeu a uma intimação da equipe de advogados de Donald Trump para que o livro não fosse posto à venda.
Depois disso, o presidente dos EUA recorreu ao Twitter para dizer que a obra está repleta de mentiras, uma vez que Trump nunca teria autorizado que o jornalista tivesse acesso à Casa Branca.
A ira de Trump dirigida contra Wolff surgiu depois de o presidente ter emitido um comunicado raro condenando seu ex-confidente Bannon, um homem ligado à extrema-direita norte-americana que se juntou à campanha republicana em agosto de 2016 e que integrou o atual governo dos EUA até agosto seguinte.
“Steve Bannon não tem nada a ver comigo ou com a minha presidência”, garantiu Trump. “Quando foi despedido, perdeu não só o emprego como a cabeça“.
Logo a seguir, a porta-voz da Casa Branca disse aos jornalistas que o presidente está “furioso e enojado” com os ataques de Bannon à família Trump, entre eles acusar o filho mais velho do presidente, Donald Trump Jr., de ter participado de um encontro “não-patriótico” que representa um crime de “traição” à pátria, e dizer que Ivanka Trump é “burra que nem uma porta” e que seu desejo é se tornar “a primeira mulher presidente” da América.
Esta tarde é esperado que o autor dê sua primeira entrevista sobre o livro ao canal NBC, depois de especialistas terem garantido que Trump não tem chance de impedir que a obra seja posta em circulação.
Ciberia // ZAP