O ex-residente francês Nicolas Sarkozy foi, nesta quarta-feira (21), indiciado no âmbito da investigação sobre suspeitas de financiamento líbio na sua campanha para a eleição presidencial de 2007, segundo fontes judiciais.
Nicolas Sarkozy foi indiciado pelos crimes de corrupção passiva, financiamento ilegal de campanha eleitoral e lavagem de dinheiro público da Líbia, tendo sido colocado sob controle judiciário, disse fonte judicial, citada pela agência France Press.
O antigo presidente da França foi ouvido por cerca de 25 horas pelos investigadores, que o interrogaram na sede da Polícia Judiciária de Nanterre, nos arredores de Paris.
O processo judicial teve origem em um documento líbio, publicado em maio de 2012 no site de informação Médiapart, no qual é revelado que o ex-chefe de Estado francês teria recebido dinheiro do antigo líder líbio Muammar Kadafi.
Em novembro de 2016, o empresário e intermediário Ziad Takieddine afirmou ter recebido 5 milhões de euros em dinheiro, entre o final de 2006 e início de 2007, de Trípoli para Paris, que entregou a Claude Géant e Nicolas Sarkozy.
A Justiça francesa recuperou a agenda do ministro do Petróleo de Kadafi, Choukri Ghanem, que morreu em 2012 em circunstâncias pouco claras, onde os pagamentos de dinheiro a Sarkozy eram mencionados.
Um ex-colaborador do líder líbio que estava encarregue das relações com França, Bechir Saleh, também garantiu ao Le Monde que Kadafi disse que “havia financiado Sarkozy”.
O ex-presidente francês, preso na terça-feira (20), sempre negou as acusações, as classificando de “manipulação e crueldade” e disse aos juízes que vivia um “inferno de calúnia”, segundo a declaração reproduzida no site do Le Fígaro.
“Desde 11 de março de 2011, vivo o inferno dessa calúnia“, disse Sarkozy, que também denunciou a falta de “provas materiais” nas acusações contra ele.
Sarkozy disse que foi “acusado sem qualquer evidência material” pelas declarações do ex-ditador líbio e seus parentes, bem como pelo franco-libanês Ziad Takieddine.
“Tem sido provado em muitas ocasiões que ele (Ziad Takieddine) recebeu dinheiro do Estado líbio”, disse Sarkozy. E acrescenta: “sobre o senhor Takieddine, gostaria de lembrar que ele não prova, nesse período entre 2005 e 2011, qualquer encontro comigo”.
“Durante as 24 horas da minha custódia eu tentei, com toda a força da convicção que é a minha, mostrar que as indicações sérias e concordantes, que são a condição da acusação, não existiam; tendo em conta a fragilidade do documento que foi objeto de um inquérito e as características altamente suspeitas do passado carregado de Takieddine”.
“Os fatos de que sou suspeito são sérios, estou ciente disso, mas, como continuo a defender com toda a convicção, se é uma manipulação do ditador Kadhafi ou dos seus aliados (…), então eu peço aos magistrados que meçam a profundidade, a gravidade e a violência da injustiça que seria cometida contra mim”, acrescentou.
Ciberia // ZAP