O primeiro turno das primárias francesas nos partidos de centro-direita terminou com uma sensação: François Fillon, ex-premiê do país, considerado como um candidato pró-russo, venceu com uma vantagem significativa (Fillon, 42,8%, Juppé – 26% e Sarkozy – 24,4%).
No segundo turno ele enfrentará o ex-chefe do governo Alain Juppé, enquanto o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy é derrotado e sai da corrida presidencial.
Tomando em conta a impopularidade crescente do Partido Socialista no poder e do atual presidente François Hollande, o candidato do centro-direita, a maior força política de oposição, é quem provavelmente irá ocupar o Palácio do Eliseu em 2017.
Desde o início da campanha eleitoral, a maioria esmagadora dos analistas e das enquetes indicavam Juppé ou Sarkozy como vencedor, prognosticando um braço de ferro entre os dois no segundo turno. A situação mudou após o começo de uma série de debates que foram transmitidos ao vivo pelos maiores canais franceses.
Fillon se comportou de modo muito convincente no primeiro debate, teve um ótimo desempenho no segundo ao formular suas ideias de modo concreto, calmo e competente, e cimentou seu sucesso no terceiro debate, ao ultrapassar ambos os rivais.
O comparecimento às urnas nestas primárias foi inesperadamente alto, tendo 4 milhões de pessoas dado seu voto, inclusive muitos simpatizantes da esquerda, da Frente Nacional e aqueles que nunca tiveram quaisquer preferências políticas.
Ao discursar em suas sedes eleitorais, ambos os finalistas agradeceram aos eleitores o envolvimento ativo na corrida e declararam em uníssono sua prontidão para continuar a batalha.
As primeiras enquetes prognosticam a vitória de Fillon, porém a situação recente mostrou que tudo pode mudar em um instante.
Os eleitores podem mudar sua decisão no último momento, já que se trata de representantes da mesma “família política” que compartilham os mesmos valores e têm diferenças mínimas em suas plataformas.
François Fillon ocupou o cargo de primeiro-ministro entre 2007 e 2012, no mandato de Nicolas Sarkozy, e tem apelado à modificação dos acordos com a UE para garantir mais integração econômica dos países-membros e reforçar a zona euro.
Após deixar o cargo de premiê, ele se manifestou várias vezes a favor de cooperar com a Rússia. Na política interna, Fillon é considerado como conservador: por exemplo, ele se expressou repetidamente contra os casamentos gay. O primeiro turno das presidenciais francesas está marcado para 23 de abril de 2017.
Sarkozy aceita derrota e deixa carreira política
Os sonhos do ex-presidente francês Nicolas Sarkozy de governar mais uma vez seu país, após o fim do mandato de François Hollande, em 2017, foram destruídos.
Ao discursar perante os seus eleitores, Sarkozy reconheceu sua derrota e parabenizou Fillon e Juppé por terem passado ao segundo turno. Ex-chefe de Estado assinalou que os dois são pessoas decentes, bons candidatos e políticos nos quais a direita francesa deve ter orgulho.
“Admiro muito Alain Juppé. Mas a postura política de François Fillon é-me mais familiar. Os eleitores que me deram seus votos estão livres na sua escolha… Mais é o meu dever declarar de modo claro e honesto que, quaisquer que sejam as discordâncias entre nós, acredito que François Fillon entende melhor os desafios que a França está enfrentando. É por isso que, no segundo turno das primárias, eu votarei nele“, disse o ex-presidente.
Sarkozy também “agradeceu” sarcasticamente aos jornalistas pela atenção que foi dispensada à sua campanha eleitoral e afirmou que decidiu deixar a carreira política.
O ex-presidente também agradeceu quem votou nele afirmando que já está na hora de começar “uma vida com paixões mais privadas e menos paixões públicas” e dando a entender que essa derrota marca o fim da sua carreira política.
“Sou francês e continuo francês, tudo o que estiver relacionado à França será de meu interesse sempre do fundo do meu coração”, disse o ex-presidente.
“Nenhuma amargura, nenhuma tristeza”, afirmou Sarkozy sobre o assunto. Ele também decidiu fazer um pedido aos franceses de que não se deixem seduzir pelas propostas de partidos de extrema-direita e não votem neles, referindo-se à Frente Nacional, comandado pela polêmica Marine Le Pen.