Através de selfies, uma mulher russa registrou durante dias a evolução de um pequeno nódulo no rosto. Mais tarde, quando o nódulo misteriosamente se moveu, procurou ajuda médica. O caso se tratava, na verdade, de um verme parasita.
A mulher notou um pequeno nódulo sob seu olho esquerdo e, para registrar o estranho relevo, tirou uma selfie. Entretanto, algo mais estranho aconteceu: o “caroço” se moveu.
Com uma sequência de fotografias, a mulher conseguiu seguir o nódulo que se movia no rosto. Cinco dias depois de notá-lo pela primeira vez, o nódulo migrou para a pálpebra do olho esquerdo. Passados 10 dias, se mudou para o lábio superior.
Logo após a última migração, a mulher procurou um oftalmologista, que observou um “nódulo alongado, móvel e superficial na pálpebra superior esquerda”, de acordo com o relatório do caso, publicado esta semana no New England Journal of Medicine.
Depois, descobriu-se que a mulher, de 32 anos, tinha uma infecção com um tipo de um verme parasita chamado Dirofilaria repens. Esses vermes, que se parecem com filamentos, infectam normalmente cães, gatos, raposas e outros mamíferos selvagens.
De acordo com um relatório clínico semelhante de 2011, os vermes se alojam por norma no tecido sob a pele.
Transmitido por mosquitos
Os seres humanos são hospedeiros “acidentais”, pois, uma vez dentro da pele dos humanos, esses parasitas não conseguem se reproduzir.
Os vermes são transmitidos por picadas de mosquitos e casos em humanos já foram registrados em algumas partes da Europa, Ásia e África, segundo o mesmo relatório. No momento da picada, os parasitas se agarram à pele e entram pela ferida. Depois, as larvas crescem.
No relatório mais recente, a mulher russa que foi infectada disse que viajou recentemente para uma área rural de Moscou, onde foi frequentemente picada por mosquitos.
Vladimir Kartashev, professor de medicina na Universidade Estatal de Rostov, na Rússia, foi o médico responsável por tratar a mulher. Segundo Kartashev, desde 1997, houve mais de 4 mil casos em humanos da infeção na Rússia e na Ucrânia.
Os casos em humanos têm, inclusivamente, aumentado nos últimos anos. Em um estudo publicado em 2015 por Kartashev e sua equipe, os pesquisadores analisaram os dados do Dirofilaria incidentes na Rússia e na Bielorrússia.
De acordo com o estudo, os casos relatados passaram de 8 em 1997 para quase 200 em 2012. Os dados notam ainda que a doença “se espalhou” para o norte, havendo mais pessoas infectadas a latitudes mais altas do que em 1997.
Nos seres humanos, a infeção parasitária se manifesta com nódulos embaixo da pele e, às vezes, os vermes podem mesmo se mover.
De acordo com outro estudo, publicado em 2014, no qual mais de 200 casos de infecção desse parasita foram analisados em um período de 17 anos, os médicos observaram que o verme se movia em cerca de 35% dos pacientes. Alguns dos infectados reportaram uma “sensação de ‘rastejar’ sob a pele”.
Embora possa parecer muito assustador, o tratamento é relativamente simples: de acordo com o novo estudo, a remoção cirúrgica do verme pode curar a infecção. Segundo o relatório clínico da russa, a mulher removeu cirurgicamente o verme que se encontrava no lábio e se recuperou totalmente.
Ciberia // ZAP